Foi homenageado no ano passado pela UNIR – Campus de Ji-Paraná – no VI Seminário de Educação pelas contribuições em defesa de seu povo
Por Josélia Neves em TudoRondônia
Os Povos indígenas de Rondônia, principalmente os Gavião Ikolen, estão tristes. Morreu nesta sexta feira 21 de fevereiro de 2014, em Porto Velho-RO, uma das grandes lideranças indígenas de Rondônia, o guerreiro Digut Gavião. Estava internado há alguns dias e faleceu em decorrência de problemas respiratórios.
Pai do atual cacique Catarino Sebirop, Digut Gavião, cujo nome significa “Esconderijo de caça”, morava na Terra Indígena Igarapé Lourdes, em Ji-Paraná.
Foi homenageado no ano passado pela UNIR – Campus de Ji-Paraná – no VI Seminário de Educação pelas contribuições, defesa de seu povo e por ter sido um dos responsáveis pelo contato com os não-indígenas na região central do estado de Rondônia na 2ª metade do século XX, registro sistematizado pela antropóloga Betty Mindlin no livro Couro dos Espíritos.
Narrou importantes fatos da história do Povo Gavião neste livro: o primeiro encontro que aconteceu entre os indígenas da etnia Arara e o seu povo, suas diferentes indumentárias; as sensações que teve ao apertar a mão de um “branco” pela primeira vez (a faca que ganhou de “presente” do seringalista Barros, o convívio inicial com os não indígenas, as doenças – principalmente as gripes, as mortes e os conflitos com os seringueiros e seringalistas.
Na ocasião da homenagem, Catarino Gavião afirmou que: “Meu pai é um cacique muito ativo, falado, guerreiro, sabe muito e preserva a cultura do povo Gavião. Ele gosta muito de ficar na aldeia e não gosta de sair, gosta de mostrar que é indígena Tupi-Mondé. O meu pai conheceu os soldados da borracha, foi o primeiro índio a ter contato com eles. Andava procurando facão e machado para fazer as suas roças. A busca destas ferramentas facilitava a preparação da roça. Antes de conhecer não indígena ele já falava da existência do branco. Ele é um dos mais antigos do povo Gavião é muito lúcido, só fala na língua Tupi-Mondé”.
Os Gavião por muito tempo foram chamados de Digut, nome de Sorabáh Digut Gavião, um equivoco por parte do pesquisador Harald Schultz , que confundiu o nome do indígena com a sua etnia.
O corpo será velado e enterrado em Ji-Paraná.