A síndrome de Cirilo e o ciclo de violência familiar

Imagem: Pink Sherbet Photography, Flickr
Imagem: Pink Sherbet Photography, Flickr

Por Anônima, em Blogueiras Negras

A primeira vez que vi o termo Síndrome de Cirilo, me identifiquei de imediato com a ideia mas só depois de algum tempo caiu a ficha do que aquilo representava para mim. Eu sou filha de uma relação que surge a partir de uma síndrome de Cirilo e desde então não paro de pensar como isso influenciou e influi na minha vida desde sempre. Não é viagem e nem tampouco histeria, como tem nos taxado algumas pessoas ao discutirmos questões como essa. Trata-se, antes de mais nada, de entender como certos tipos de relações podem afetar nossas vidas pessoais.

Meu pai sempre foi o tipo de negro que fingiu a vida toda que o racismo nada tinha a ver com a vida dele. Isso trouxe para mim consequências terríveis uma vez que nunca me senti a vontade para dividir a dor de passar pelo racismo que eu passava na escola, por exemplo. Ele também escolheu uma mulher branca para se casar. As consequências desse ato, que decorreu da falta de orgulho de si mesmo que meu pai sentia, trouxe-me as piores consequências. A mulher que meu pai escolheu, minha mãe, além de ser branca é também racista. Com certeza alguém dirá: impossível! Como uma branca racista pode se casar com um negro? A resposta a essa pegunta não é nenhum pouco simples mas no caso da minha mãe, e pelo que ela própria relata, parece ter ocorrido uma certa falta de opção. (mais…)

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Atuação do MPF/AP assegura regularização de terras da Comunidade Quilombola do Ambé

A Vila da Comunidade do Ambé (Foto: Flávia Pennafort)
A Vila da Comunidade do Ambé (Foto: Flávia Pennafort)

Procuradoria da República no Amapá

A comunidade quilombola do Ambé terá as terras regularizadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no prazo de três anos. Esse é o tempo necessário para identificar, reconhecer, delimitar, demarcar e titular a área ocupada pela comunidade. A decisão da Justiça Federal obriga o Incra a concluir o processo de regularização sob pena de multa de R$100 mil por mês. A ordem é resultado de ação movida pelo Ministério Público Federal no Amapá (MPF/AP) em benefício da comunidade. (mais…)

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BA – Povo Pataxó retoma área de assentamento do Incra loteada por fazendeiros

pataxó 1Por Renato Santana, de Brasília (DF), no Cimi

No local onde os portugueses fincaram os marcos iniciais da colonização, em Prado, sul da Bahia, cerca de 400 Pataxó retomaram, no início desta semana, 30 hectares da Terra Indígena de Comexatiba – Cahy Pequi. A área ocupada, nas proximidades do distrito de Cumuruxatiba, é parte dos 62 lotes situados num assentamento do Incra, instalado dentro dos limites identificados como tradicionais pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

“Ocupamos seis lotes dessa parte do Cahy Pequi. O que acontece é que de uns anos para cá estão forçando os posseiros (clientes da reforma agrária) a vender o que receberam do Incra. Então chegam aqui e compram dois, quatro lotes e montam fazendas. Acontece que a terra é Pataxó”, explica o coordenador dos caciques e lideranças da região do Prado, José Bete Pataxó. Segundo a liderança, a área retomada já tinha sido vendida para terceiros e não estava mais em propriedade de posseiros. (mais…)

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MT – Sem medidas para reduzir impacto, Sema não deve conceder licença para Usina Sinop

Recomendação expedida pelo Ministério Público Federal à Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso condiciona a expedição da licença para o início das obras à adoção de medidas para atender ceramistas, pescadores e assentados da reforma agrária atingidos pela obra

Ministério Público Federal em Mato Grosso

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) não deve conceder a licença que autoriza o início das obras (licença de instalação) da Usina Sinop, no rio Teles Pires, até que o empreendedor apresente o projeto de realocação das famílias que moram em assentamentos do Incra atingidos pelas mudanças que serão provocadas com a construção da usina. (mais…)

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Tribunal Regional Federal da 1ª Região ordena que Norte Energia corrija problemas nas casas para os removidos por Belo Monte

Foto da manifestação do 11 de julho, Dia Nacional de Lutas (Foto: MAB)
Foto da manifestação do 11 de julho, Dia Nacional de Lutas (Foto: MAB)

Desembargadora Selene Almeida deu 30 dias de prazo para que a empresa cumpra o que havia prometido aos atingidos pela usina em Altamira, oferecendo três modelos de casas de alvenaria

Ministério Público Federal no Pará

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, atendendo a recurso do Ministério Público Federal (MPF), ordenou que a Norte Energia S.A promova a adequação das casas destinadas ao reassentamento coletivo urbano dos atingidos pela usina de Belo Monte na cidade de Altamira. Estão sendo removidos todos os que moram em áreas de Altamira abaixo da chamada cota 100 (100 metros acima do nível do mar), um número que pode ser de 16 mil a mais de 25 mil pessoas. (mais…)

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AM – Centro Acadêmicos de Ciências Sociais protesta contra alienação da UFAM e omissão em relação aos alunos Tenharim

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Combate Racismo Ambiental*

O Centro Acadêmicos de Ciências Sociais da UFAM fez um protesto em vários lugares do prédio, na segunda-feira última, dia 3, contra o que classificaram como “a inércia da Universidade Federal do Amazonas em relação aos estudantes indígenas do Sul do Amazonas, que estão sendo impedidos de assistirem às aulas regulares na unidade da UFAM daquela localidade”.

Desde o dia 25 de dezembro, os estudantes indígenas do campus da Universidade em Humaitá estão sendo impedidos de ir à cidade para assistir às aulas. No dia 21 de janeiro, o Ministério Público Federal enviou uma Recomendação à UFAM e a outras instituições de ensino superior (como a Universidade Estadual e Instituto Federal do Amazonas), estabelecendo um prazo de dez dias para que viabilizassem o direito dos alunos indígenas à educação. De todas, somente a  UFAM não respeito a Recomendação no prazo, nem até o momento. (mais…)

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Defensora direitos humanos perseguida por não vender terras para mineradora

maximaAdital – A defensora de direitos humanos Máxima Acuña Chaupe continua sendo perseguida, ameaçada de morte e intimidada por oficiais da Divisão de Operações Especiais da Polícia Nacional do Peru (Dinoes), denuncia a Rede ULAM. A situação perdura desde 2011 porque Máxima se nega a vender suas terras, localizadas em Tragadero Grande, Distrito de Sorochuco, Cajamarca, norte de Peru, para a mineradora Yanacocha, responsável pelo polêmico projeto Conga.

As investidas criminosas contra ela e sua família haviam diminuído, no entanto foram retomadas agora que a mineradora entrará com um novo processo legal acusando-os de usurpação. Este será o segundo processo a que Máxima responderá.

Sua rotina, muitas vezes, é gravada e policias espreitam de longe o que ela e sua família estão fazendo. No último dia 30 de janeiro, Máxima recebeu ameaças de morte pelo telefone. A ligação veio de um número privado e a ordem foi de que ela saísse de sua propriedade, caso contrário iria morrer. Horas depois, quando trabalhava no campo com sua filha, Máxima foi abordada por policiais do Dinoes, que alertaram que ela não deveria cultivar, pois as terras não eram suas. (mais…)

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Caso Coari: infância assassinada pela lógica do consumo de sexo de meninas

Marcia Acioli – Adital

Em janeiro de 2014 é revelado ao Brasil um sofisticado e brutal esquema de exploração e violência sexual consolidado há anos no interior do estado do Amazonas. Apesar das inúmeras denúncias, o fato permaneceu por muito tempo restrito à remota comunidade de Coari e desconhecido pelo resto do país. Convenientemente a situação ficou oculta protegendo unicamente os violadores de direitos: os agressores.

Não é novidade a relação direta entre poder, dinheiro, violência sexual e exploração de crianças. Por mais escandalosa que seja a notícia, ela soa como “já ouvi essa história”; e de tanto ouvi-la deixa de causar espanto. Ao deixar de causar espanto o sofrimento é relativizado, naturalizado.

A violência sexual sempre se manifestou em todas as classes sociais, no entanto a exploração econômica da sexualidade de crianças está associada à pobreza e às desigualdades sociais e econômicas. Há quem lucre, há quem se beneficie com o sequestro da infância.

O caso de Coari, protagonizado pelo seu prefeito, Adail Pinheiro, mostra o quanto as relações entre dinheiro, poder, corrupção e violência sexual são muito íntimas. Interessa aos detentores do poder que a pobreza se perpetue. O que está em jogo é não só a sobrevivência das famílias, mas também o acesso ao mundo do consumo. Em situações extremas as próprias famílias entregam suas crianças para o perverso comércio do sexo. Meninas também são forçadas a levar outras crianças em troca de dinheiro e objetos de consumo como celulares modernos, roupas e passeios, mesmo que não queiram. (mais…)

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Agronegócio desestimula produção de alimentos básicos, diz pesquisador

agron1Da Página do MST

Em artigo, Gerson Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) analisa o impacto da revolução agrícola, que padronizou a agricultura brasileira de acordo com o modelo do agronegócio estadunidense, na produção e abastecimento das culturas básicas do brasileiro.

“Resta que, nos dias presentes, fruto da evolução desse cenário que adquiriu contornos ainda mais adversos com o período de neoliberalismo, a questão da soberania alimentar se mantém como bandeira de remota concretização, e mesmo a segurança alimentar permanece como uma questão em aberto no Brasil”.

Esse modelo faz com que o Brasil tenha de importar produtos que poderia produzir com facilidade. (mais…)

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O Brasil se revolta a cada imagem

Foto: Yvonne de Mello (Facebook)
Foto: Yvonne de Mello (Facebook)

A última foto brutal, que remonta à época da escravidão, mostra um rapaz negro, pelado, espancado e esfaqueado na orelha, amarrado a um poste pelo pescoço com uma trava de bicicleta. 

María Martín e Francho Barón – El País

O Brasil se contorce por imagens, cada vez mais fortes. Elas parecem gravar-se a fogo nas pupilas dos receptores, criam debate e, em seguida, são esquecidas diante da brutalidade da próxima foto. Assim aconteceu com aquela imagem do policial ferido por uma pedra durante as manifestações de junho, com o rosto roxo de uma jornalista ferida por uma bala de borracha, com as decapitações no presídio de Pedrinhas, no Maranhão, ou com as cacetadas dos policiais nos negros da periferia que curtiam um rolê em um shopping de São Paulo.

A última imagem poderosa, que rememora também uma outra época, a da escravidão que durou até 1888 no Brasil, mostra um adolescente negro, pelado, espancado e esfaqueado na orelha, amarrado a um poste pelo pescoço com uma trava de bicicleta. O rapaz, sem nome conhecido e com três passagens por roubo segundo a polícia, foi amarrado à vista de todos por um suposto grupo de justiceiros na Zona Sul do Rio. Foi apenas uma mulher, Yvonne Bezerra de Melo, de 66 anos, quem ligou  para os bombeiros para libertá-lo. Yvonne, embora defendida por muitos, foi insultada por meio das redes sociais por ter libertado um bandido. (mais…)

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