Por Casé Angatu – Combate Racismo Ambiental
Ontem os Tupinambá demonstraram mais uma vez sua força: pararam a ponte de acesso a Olivença (Ilhéus/Bahia), rodovia BA 101, por cerca de 12 horas. Estávamos unidos e formados por anciões, caciques, lideranças, cunhãs, cunhatãs, curumins. Todos Abas Gwarinis Atãs.
A pauta era conseguir audiências com o Ministério da Justiça, Justiça Federal e Ministério Público Federal. Para exigir:
- a imediata oficialização da demarcação do Território Tupinambá apresentada pelo Relatório da FUNAI desde 2009
- o fim das ações de reintegrações de posse
- um basta na violência crescente na região resultando em perseguições, prisões, mortes e agressões contra o Povo Tupinambá.
Exigíamos também audiência com a prefeitura para cobrar reformas nas estradas que interligam as comunidades indígenas da região, melhoria na qualidade do transporte público, melhoria do serviço público de limpeza; aumento dos postos de saúde e educação.
Exigíamos audiência com a presidência da FUNAI para cobrar ações que apressem a demarcação territorial e urgência na posse do novo coordenador técnico da local da FUNAI.
Porém, novamente todos estes órgãos governamentais demonstraram a forma como ainda tratam os Povos Indígenas: com descaso. Nenhum de seus representantes compareceu. A exceção foi a prefeitura local que enviou um funcionário de segundo escalão que demonstrou total desconhecimento do que estava ocorrendo e das reivindicações indígenas. Assim, mesmo a exceção não fugiu a regra do descaso. Por outro lado, não faltou a presença das forças policiais que estavam em grande número: Força de Segurança Nacional, Policia Federal e Policia Militar.
O descaso é a tônica com os órgãos governamentais e da justiça tratam o Povo Tupinambá e demais Povos Indígenas. Ao agirem assim só aumentam o clima de incertezas e violência contra indígenas na região.
Entretanto, também a força de luta e resistência do Povo Tupinambá só aumenta porque a forma como agem os mandatários do poder oficial conduzem ao processo de autodemarcação. Ontem (18/11/13) foi uma demonstração desta força. Durante as doze horas de mobilização realizamos Porancys fortes. Parece que a cada minuto que ficávamos sem respostas, debaixo de um sol forte, tensão aumentando, presença ostensiva das forças policiais crescendo… nossas forças aumentavam: rameávamos e cantávamos com mais intensidade ainda.
Ao deixarmos a ponte realizamos um Porancy final daqueles bem forte com a certeza da justiça de nossa luta, da injustiça dos órgãos governamentais e da justiça brasileira.
Saímos da ponte de Olivença com as cabeças erguidas, mais fortalecidos ainda em nossos espíritos guerreiros e com a certeza que iremos ter a terra demarcada.
Uma das canções guerreiras que cantamos quando deixamos a ponte diz assim:
“Oh, desamarra esta corrente
Deixa o Índio trabalhar.
Quem deu este nó
Não soube dá.
Quem deu este nó
Não soube dá.
Oh, desamarra esta corrente
Deixa o Índio trabalhar”.
AWERE!