Valéria Nader e Gabriel Brito – Correio da Cidadania
Maior potência mineradora do mundo, o Brasil pouco discute as políticas desse fundamental segmento da economia, e mesmo o debate sobre o novo Código de Mineração vem ocorrendo marginalmente a outros acontecimentos políticos. Cabe lembrar que a maior empresa do mundo na extração mineral está sediada no Rio de Janeiro, com uma carteira de investimentos imensa e novos projetos minerais pelo Brasil, inclusive em Carajás e suas gigantescas reservas.
“Aprofunda-se uma economia baseada em matérias primas, mas subordinada à globalização e com mais dificuldades para industrializar-se ou para se integrar a países vizinhos. O suposto êxito de exportar, por exemplo, ferro, reforça o drama da América Latina como provedora eterna de recursos naturais para o resto do planeta”, afirma Eduardo Gudynas, economista e pesquisador do Centro Latino-Americano de Ecologia Social (CLAES), de Montevidéu, em entrevista ao Correio da Cidadania.
Gudynas, frequentemente convidado para palestras e atividades que debatem a megamineração a céu aberto (que ele alerta ser a que mais cresce em todos os países sul-americanos, com maiores consequências sociais e ambientais), explica como é ainda difícil que os distintos governos, mesmo progressistas, aceitem um debate mais crítico sobre políticas de extrativismo e exploração de jazidas minerais. Tendem, unanimemente, às justificativas de que a renda de tal atividade financia seus programas sociais. (mais…)