‘Brasil é o país mais atrasado no debate sobre a megamineração na América do Sul’

gudynasValéria Nader e Gabriel Brito – Correio da Cidadania

Maior potência mineradora do mundo, o Brasil pouco discute as políticas desse fundamental segmento da economia, e mesmo o debate sobre o novo Código de Mineração vem ocorrendo marginalmente a outros acontecimentos políticos. Cabe lembrar que a maior empresa do mundo na extração mineral está sediada no Rio de Janeiro, com uma carteira de investimentos imensa e novos projetos minerais pelo Brasil, inclusive em Carajás e suas gigantescas reservas.

“Aprofunda-se uma economia baseada em matérias primas, mas subordinada à globalização e com mais dificuldades para industrializar-se ou para se integrar a países vizinhos. O suposto êxito de exportar, por exemplo, ferro, reforça o drama da América Latina como provedora eterna de recursos naturais para o resto do planeta”, afirma Eduardo Gudynas, economista e pesquisador do Centro Latino-Americano de Ecologia Social (CLAES), de Montevidéu, em entrevista ao Correio da Cidadania.

Gudynas, frequentemente convidado para palestras e atividades que debatem a megamineração a céu aberto (que ele alerta ser a que mais cresce em todos os países sul-americanos, com maiores consequências sociais e ambientais), explica como é ainda difícil que os distintos governos, mesmo progressistas, aceitem um debate mais crítico sobre políticas de extrativismo e exploração de jazidas minerais. Tendem, unanimemente, às justificativas de que a renda de tal atividade financia seus programas sociais. (mais…)

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Da (Anti)Reforma Urbana brasileira a um novo ciclo de lutas nas cidades

Pedro Fiori Arantes* – Correio da Cidadania

Nos países avançados, em que a crise econômica bateu mais forte e trilhões de dólares foram drenados do orçamento público para o sistema financeiro, o desemprego e o desalento dos jovens levaram às ruas e praças das grandes cidades indignados e occupies. Nos países árabes, foi o “basta!” (kifaya) às ditaduras e às diversas formas de opressão militar-religiosa. Mas, qual o motivo das revoltas recentes no Brasil, país “emergente” e até pouco tempo “sensação” da economia global? Pico da inflação, redução dos níveis de crescimento, escândalos de corrupção são causas insuficientes para justificar milhões de pessoas nas ruas nos atos diários de junho em todo o país, sobretudo nas grandes cidades, e que seguem ainda hoje, esparsos, mas latentes.

Afinal, vivíamos no Brasil da última década certo nível de crescimento econômico continuado; aumento do emprego, do consumo e do crédito; mobilidade social, programas compensatórios de transferência de renda; incentivo ao “empreendedorismo” de todos os tipos; recordes na produção, de carros a commoditiesstatus de potência agrícola e mineral; descoberta das reservas do pré-sal com a miragem da renda petroleira irrigando o país; deixamos de ser devedores para sermos credores do FMI, de alunos passamos a exemplo do Banco Mundial; barramos a ALCA, ampliamos o Mercosul, levamos nossas empresas para a África e alcançamos a presidência da OMC; para arrematar, ganhamos a corrida para hospedar espetáculos globais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Enfim, o país deixou de ser coadjuvante e tornou-se um dos protagonistas no concerto mundial das nações. (mais…)

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O povo quer mais política social, mais democracia e menos polícia

Renato Nucci Jr. – Correio da Cidadania

O Estado capitalista brasileiro, incapaz de oferecer saída popular e progressista à crise social em curso, enveredou pelo caminho do recrudescimento das ações policiais como meio de conter protestos considerados violentos. O governo Dilma, associado aos seus parceiros Alckmin em São Paulo e Cabral no Rio de Janeiro, propôs um pacto destinado a contê-los. Pretendendo fazer com que os manifestantes voltem a temer a polícia, querem recuperar a autoridade pública acentuando as penas contra quem agredir policiais ou praticar atos de vandalismo contra o patrimônio público ou privado. Trata-se de reação a dois fatos recentes, ambos inseridos no contexto da nova conjuntura política e social aberta com as manifestações de junho.

A primeira é a de responder a agressão sofrida pelo coronel Reynaldo Simões Rossi, da PM paulista, em manifestação convocada pelo Movimento Passe Livre em 25 de outubro. Referido militar é o mesmo que em 13 de junho comandou a tropa de choque na bárbara repressão aos manifestantes e população paulistana. A presidenta Dilma, manifestando uma indignação seletiva, pois em nenhum momento repreendeu as ações violentas da polícia contra os manifestantes, solidarizou-se com o coronel e classificou a ação dos manifestantes como ato de “barbárie”, acusando-os inclusive de “fascistas”. (mais…)

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O controle dos controladores na democracia constitucional

Rodrigo de Grandis. Foto: Fórum
Rodrigo de Grandis. Foto: Fórum

Em relação a de Grandis, mesmo a expectativa de uma rigorosa e célere apuração (que seria não mais que uma resposta tímida) venha a ser frustrada

Por Fábio de Sá e Silva* em Carta Maior

Graças ao trabalho de setores da imprensa, o país veio a saber que o Procurador da República em São Paulo, Rodrigo de Grandis, incorreu em grave falha na condução de um procedimento que tramitava em seu gabinete.

O erro consistiu na demora e, no limite, na ausência de resposta a pedidos de cooperação advindos de autoridades suíças, com vistas a investigar práticas de corrupção envolvendo executivos da empresa Alston e dirigentes – “funcionários, diria Alckmin – do governo de São Paulo. Por essa razão, o caso acabou sendo arquivado na Suíça.

Possíveis corruptores e corruptos, assim, tendem a ficar impunes. E, tão ou mais grave que isso, o Brasil e os brasileiros perdem uma chance preciosa de obter maiores informações sobre o que, há pouco tempo, graças a denúncias feitas por executivos da Siemens, pareceu ter sido um padrão na forma de condução de vultosas compras de trens pelo governo de São Paulo: a formação de cartel entre as empresas – com a fixação de preços previamente às licitações, na burla do regime de concorrência pretendido por estas –, sob a mediação ativa e o recebimento de propinas por parte das autoridades. (mais…)

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Bebê indígena corre risco de perder a mão no AC; família culpa hospital

Mãe mostra mão de bebê indígena após aplicação de soro (Foto: Arquivo pessoal)
Mãe mostra mão de bebê indígena após aplicação
de soro (Foto: Arquivo pessoal)

Mão de bebê necrosou após erro em aplicação de soro, diz família. Criança está internada em Rio Branco; Saúde apura caso

Rayssa Natani – Do G1 AC

Um bebê indígena, de oito meses, da etnia Kaxinawá, corre o risco de ter uma das mãos amputadas no Acre. De acordo com a família, o membro começou a necrosar após a aplicação de soro na veia enquanto recebia tratamento médico no Hospital de Santa Rosa do Purus, no interior do estado. Ele foi encaminhado ao Hospital da Criança, em Rio Branco, onde permanece internado há pouco mais de um mês.

O pai da criança, Brito Lopes Nonato Kaxinawá, conta que viajou um dia de canoa da aldeia onde mora, no Purus, no dia 29 de setembro, em busca de atendimento para o filho que apresentava um quadro de febre tosse e diarréia. No Hospital de Santa Rosa do Purus, foi diagnosticado com pneumonia e começou a ser tratado. (mais…)

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Indígenas sofrem atentado a tiro em Parelheiros

Placa da FUNAI que reconhece a Aldeia Tekoa Eucalipto como território indígena
Placa da FUNAI que reconhece a Aldeia Tekoa Eucalipto como território indígena

Ocupação indígena Tekoa Eucalipto próximo a Aldeia Tenondé Porã, sofre pela segunda vez atentado de posseiros que querem tomar suas terras

por Joseh Silva* – Carta Capital

Na tarde desta sexta-feira, 08, por volta das 18h, uma moto com um homem e uma mulher na garupa passaram atirando em direção aos indígenas da Aldeia Tenondé Porã, que estão em processo de retomada de terra na construção da Aldeia Tekoa Eucalipto. Os disparos foram feitos no mesmo instante em que os índios colocavam uma placa de identificação na porteira.

Segundo, os indígenas, ninguém se feriu com o fato, entretanto o clima de insegurança é grande. “Mais uma vez invasores tentam nos amedrontar para abandonarmos nossa terra, mas vamos ficar”, relata uma liderança Guarani da Aldeia. (mais…)

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Após cinco dias de luta, camponeses encerram Marcha por Terra e Justiça

marcha_shopping

Por Ésio Melo
Da CPT

Um dia histórico na luta dos trabalhadores rurais Sem Terra. É assim que a coordenação da Marcha por Terra e Justiça definiu as ações realizadas nesta quinta-feira (7), em Maceió (AL).

Os cerca de dois mil Sem Terra que há cinco dias marcham pelo estado, ocuparam a Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), realizaram protesto em frente ao Shopping de luxo da capital e se reuniram com o governo de Alagoas. “Foi um dia intenso de luta e ocupações”, afirmou Carlos Lima, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT). (mais…)

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Construtora que mantinha empregados em situação semelhante à escravidão irá pagar R$ 800 mil

Trabalhadores de obra da Ambev, em Uberlândia, viviam em alojamentos precários e sob vigilância armada. Cada um receberá R$ 15 mil por dano moral e o restante será revertido em projetos sociais

Estado de Minas

Uma construtora terá que pagar indenização de mais de R$ 800 mil por dano moral por ter mantido 21 trabalhadores em condições análogas a de escravo. A situação foi solucionada por meio de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do Trabalho (MPT).

O caso foi descoberto em 18 de outubro, quando uma fiscalização conjunta realizada pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego e pela Polícia Militar deflagrou 21 trabalhadores da RRA Pisos Industriais Ltda., prestadora de serviços da Marco Projetos e Construções, em condições degradantes, em uma obra de construção de uma unidade da Ambev, em Uberlândia.

Eles viviam em alojamentos precários, em péssimas condições de higiene, não havia colchões para todos os empregados e alguns eram obrigados a dormir na garagem da casa. Na ocasião, alguns chegaram a relatar que a refeição servida era azeda e que havia grande quantidade de insetos no local. Além disso, eles tinham a liberdade cerceada por vigilância armada e vários direitos trabalhistas violados. (mais…)

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