Após cinco dias de luta, camponeses encerram Marcha por Terra e Justiça

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Por Ésio Melo
Da CPT

Um dia histórico na luta dos trabalhadores rurais Sem Terra. É assim que a coordenação da Marcha por Terra e Justiça definiu as ações realizadas nesta quinta-feira (7), em Maceió (AL).

Os cerca de dois mil Sem Terra que há cinco dias marcham pelo estado, ocuparam a Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), realizaram protesto em frente ao Shopping de luxo da capital e se reuniram com o governo de Alagoas. “Foi um dia intenso de luta e ocupações”, afirmou Carlos Lima, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

“Quando o Parque Shopping convidou o povo alagoano para a sua inauguração, esqueceu de afirmar que era só as elites. Só porque não viemos de paletó e gravata a gerência não nos quer aqui”, afirmou José Roberto, da coordenação nacional do MST.

José Roberto lembra o fato desse “megaempreendimento” ter sido construído com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Há dinheiro público para a construção dos ricos, mas não há para resolver a questão da terra”, ironizou.

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Graças à presença dos trabalhadores e trabalhadoras rurais na inauguração do Shopping, foi possível realizar contato direto com o governo federal e garantir doação de alimentos, lona preta e água às famílias acampadas.

Após a ação, a Marcha seguiu para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), onde montou um acampamento na Praça Sinimbú.

No período da tarde, o alvo foi a Assembleia Legislativa, que teve sua mesa diretora afastada por denúncias de roubo do dinheiro público. As famílias que participam da Marcha ocuparam a casa para denunciar e exigir mudanças no legislativo.

“É preciso acabar com a farra do dinheiro público. Essa Casa, em sua maioria, está composta pelos detentores de terras que relutam em permitir a Reforma Agrária. Eles estão acostumados com a impunidade”, afirmou Djalma Santos, coordenador do MTL.

Ao mesmo tempo em que os movimentos ocupavam a ALE, uma comissão se reuniu com o governador Teotônio Vilela (PSDB), que se comprometeu em atender a principal reivindicação dos Sem Terra.

“Temos o compromisso do governador em não permitir o despejo das famílias que há dez anos moram nos quatro acampamentos reivindicados, Bota Velha, Sede, São Sebastião e São Simeão”, relatou Josival Santos, coordenador do MLST.

De acordo com Josival, o governador também “se comprometeu em negociar com o governo federal recursos para a desapropriação dessas áreas e a efetivação da Reforma Agrária, além de outras reivindicações acerca da infraestrutura no campo.”

Ficou marcada para o dia 26 de novembro uma nova audiência para acompanhar o andamento da pauta apresentada.

Com isso, em assembleia realizada na Praça Sinimbu nesta sexta-feira (8), após avaliação da vitoriosa Marcha por Terra e Justiça, os trabalhadores e trabalhadores definiram pelo retorno aos assentamentos e acampamentos com a promessa de voltar à Maceió, caso as reivindicações encaminhadas não tenham avanço.

Abaixo, segue a nota de esclarecimento sobre a notícia veiculada de que os movimentos que compõe a Marcha por Terra e Justiça teriam recebido dinheiro de deputados durante a ocupação da ALE.

Nota de Esclarecimento

A Coordenação da Marcha por Terra e Justiça vem a publico esclarecer à sociedade acerca da ocupação da Assembleia Legislativa de Alagoas.

1-  Ocupamos a Assembleia para nos somar ao sentimento da população que repudia o comportamento inadequado da maioria dos deputados que compõe aquele Poder, envolvidos com o desvio de dinheiro publico. Apoiamos a iniciativa do Ministério Publico e do Poder Judiciário que afastou a Mesa Diretora para garantir a investigação.

2-  A Coordenação da Marcha após a ocupação da Assembleia se deslocou para o Palácio Republica dos Palmares para audiência, previamente agendada, com o Governador Teotônio Vilela.  As lideranças que continuaram conduzindo a ocupação da Assembleia Legislativa, a pedido do Deputado Judson Cabral, constituíram uma comissão para negociar a reabertura dos trabalhos parlamentares com o objetivo de instalar uma sessão pública.

3-  Como havia a disposição de montar acampamento na Assembleia Legislativa foi solicitado banheiros químicos e lona.  A Comissão formada por lideranças das organizações do campo em nenhum momento solicitou dos deputados contribuição financeira. Nenhum membro das organizações recebeu qualquer quantia em dinheiro.  Quando informados da “cota” pessoal dos deputados, a coordenação da Marcha de imediato comunicou que não aceitaria o recurso.

4- Reiteramos todo apoio à decisão judicial que afastou a Mesa Diretora. Esperamos que haja uma investigação ampla e punitiva.

Maceió, 08 de novembro de 2013.

  • COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – CPT
  • MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DOS SEM TERRA – MLST
  • MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – MST
  • MOVIMENTO TERRA, TRABALHO E LIBERDADE – MTL

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