Vladimir Platonow, Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, determinou prioridade e aprofundamento na investigação sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza. O operário está sumido desde o dia 14 de julho, quando foi conduzido da porta de sua casa, na Rocinha, para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do bairro.
Marfan recebeu hoje (31), na sede do Ministério Público (MP), um dos filhos do pedreiro, acompanhado pelo deputado estadual Geraldo Pudim (PR), que vai ingressar na Justiça com pedido para que o estado garanta o sustento da família.
O procurador-geral designou o promotor de Justiça Homero das Neves Freitas para acompanhar o caso. Amanhã (1º) haverá uma reunião entre o promotor e o delegado Rivaldo Barbosa, titular da Delegacia de Homicídios, para tratar das investigações. Deverá participar também Elizabete Gomes da Silva, esposa de Amarildo, e o subprocurador-geral de Justiça de Direitos Humanos e Terceiro Setor, Ertulei Laureano.
“Vivemos em um país onde as violações aos direitos humanos são crônicas e precisamos reverter este quadro. Vamos tratar o caso Amarildo da mesma forma como tratamos todos os casos de violação dos direitos humanos, de forma muito séria e contundente”, destacou Marfan. Ele não quis opinar sobre o que poderia ter acontecido: “Existem duas vertentes. Há uma versão de que isso teria acontecido em decorrência de uma ação policial truculenta e outra de que isso teria ocorrido por ação de traficantes. As duas versões serão consideradas e investigadas”.
O deputado Pudim disse que todas as evidências apontam para uma participação policial no sumiço do pedreiro. “Pelas conversas que tive com a família, ficou muito claro o desaparecimento dentro da UPP. É uma situação clara de que erraram a mão. Hoje surgem na imprensa notícias de conversas [captadas em grampos telefônicos] que teriam ocorrido entre traficantes [falando da morte do pedreiro], mas, para mim, isso é uma fumaça que estão tentando jogar, para confundir a opinião pública”, disse o deputado.
O filho de Amarildo, que pela manhã foi recolher material genético para comparar com manchas de sangue encontradas em uma das viaturas da UPP, disse que não há dúvidas do envolvimento policial na morte de seu pai. “A certeza que nós temos é que está muito difícil de acreditar que meu pai está vivo. Quem levou meu pai não foram traficantes, foram policiais. [Espero] que isso o que aconteceu com o meu pai não venha a acontecer com nenhuma outra família.”
Mais cedo, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que a investigação é prioridade do governo. “O caso Amarildo, eu estou tratando disso pessoalmente. Estive ontem com o doutor Orlando Zacone [delegado da 15ª Delegacia Policial]. O trabalho está sendo dirigido hoje para a Delegacia de Homicídios, que é uma delegacia com uma estrutura muito maior.”
Edição: Beto Coura