Renato Santana, Assessoria de Comunicação do Cimi
Mesmo com a ausência de Antônio Alves, coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o último dia da reunião ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) foi aberto, na manhã de ontem (26), tratando da “caótica” situação da saúde indígena no país.
O encontro teve início na última quinta-feira (25), no Centro de Formação de Política Indigenista da Funai, em Sobradinho, Distrito Federal. A CNPI é formada pelas bancadas indígena, indigenista e do governo federal.
“Tínhamos serviços e não temos mais, como o serviço de urgência e fornecimento gratuito de remédios. Fora que quando os parentes vão para atendimentos na cidade e não recebem alimentação”, afirma Marcos Tupã, da região Sudeste.
Tupã explica que o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Litoral Sul está inoperante. Por conta disso, os Guarani ocuparam a sede do distrito em Itanhaém (SP). Outros pontos foram destacados.
“O saneamento é um outro problema. Temos de comprar carro pipa para ter água nas aldeias do Ceará. Sabemos que existem recursos. Não temos como aplicar um soro em paciente”, denuncia Rose Pitaguary.
Para a indígena, não existe formação para os agentes sanitários e de saúde, tampouco estrutura de trabalho. Já Lourenço Krikati, do Maranhão, frisa a ineficiência dos gestores: “São indicações políticas que para a Sesai são normais, mas para os indígenas são ruins. Geram conflitos internos e a Sesai não faz nada para mudar”.
Na última semana, depois de dez dias de ocupação realizada pelo movimento indígena a trecho da ferrovia Carajás, cuja reivindicação de mudança dos gestores não foi atendida, Antônio Alves, integrante da CNPI pela Sesai, foi ao Maranhão e desrespeitando acordo com os indígenas se dirigiu a aldeia Tembé. Seguro pela comunidade, Alves solicitou a ação do Exército para sair da terra indígena, motivando conflito entre indígenas.
“Tanta desestrutura promove mortes e conflitos entre indígenas. Vocês (governo) apresentam coisas bonitas, mas nem concurso para os profissionais indígenas aconteceu”, destaca o representante Karajá, do Tocantins.
Delclides de Paula Kaingang mostra que um outro problema é que os gestores ficam nos gabinetes, não olham de perto as comunidades e tomam decisões fora da realidade concreta.
Falta de médicos, remédios e equipamentos são outras deficiências apresentadas pelas lideranças. Para eles, não faltam recursos, mas vontade política e atenção ao que é necessidade aos povos.