Alex Rodrigues, Repórter Agência Brasil
Brasília – A pouco mais de um mês ocupando a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assirati disse hoje (24) que o resultado de novos estudos de identificação e delimitação de terras indígenas será divulgado em breve. Evitando falar em prazos, Maria Augusta disse acreditar que a proposta do governo federal de confrontar os estudos antropológicos da Funai com levantamentos produzidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) não vai retardar a conclusão dos processos demarcatórios e a criação de novas reservas indígenas.
“Espero que não [retarde]. Espero que a discussão se dê em um plano de respeito ao trabalho e à missão institucional de cada órgão”, disse a presidenta da Funai que, até substituir a antecessora, a antropóloga Marta Azevedo, estava à frente da diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai. “Há muitas áreas em estudos e alguns [laudos antropológicos] estão para ser publicados ainda durante este ano”.
A proposta do governo anunciada em maio pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, prevê também a consulta a outros órgãos como os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e das Cidades. A iniciativa, conforme explicou a ministra à época, é prevenir e aperfeiçoar a gestão de conflitos, qualificando a tomada de decisões do governo sobre a criação ou a ampliação de terras indígenas.
Maria Augusta participou hoje (24) da cerimônia de inauguração da nova sede da Funai, em Brasília (DF). Após 25 anos ocupando um edifício cuja estrutura foi condenada pela Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e pelo Ministério Público Federal, os cerca de 800 servidores lotados na capital foram transferidos para a nova instalação.
Além de servidores da Funai e representantes do Ministério da Justiça, o evento contou com a presença dos dois últimos presidentes da fundação, Marta Azevedo e Márcio Meira, além de representantes de povos indígenas, entre eles o cacique Kaiapó, Raoni Metukire, que fez um severo apelo aos servidores.
“A Funai está aqui para proteger os índios, mas sabemos que há aqui muitos que não gostam de nós. Vocês tem que se decidir e, se não gostam de índios, deixar a Funai para que os que querem trabalhar por nós, com a gente [ocupem as vagas]”, disse Raoni, recomendando que Maria Augusta seja forte e prometendo apoiá-la.
Surpreendida, a presidenta da Funai avaliou como positivo o pedido de unidade feito por uma das principais lideranças indígenas do país. “Quanto mais unidade conseguirmos ter, sobretudo internamente, mais nossos trabalhos andarão de forma célere. A Funai é uma instituição muito grande e é preciso buscar sermos um time, alinhado do ponto de vista de estratégia de ação”.
Edição: Denise Griesinger