Em vídeo gravado no Plenário, deputado ruralista inelegível em 2014 defende o Golpe do 227 e acusa “ongueiros” e “quadrilha de antropólogos” de quererem “usar os índios como massa de manobra”

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

“É preciso acabar com esse ranço ideológico contra quem defende o produtor rural”. A frase está no saite do deputado federal Rubens Moreira Mendes, relator do PLP 227, envolvido também nas ‘tratativas’ para a fragilização do conceito de Trabalho Escravo. Já o vídeo acima, no qual ele se orgulha de fazer parte da bancada ruralista, está no seu facebook.

O deputado do PSD de Rondônia tem mesmo que continuar a cuidar de seu futuro: segundo o jornal eletrônico Tudo Rondônia,  “Inelegível por conta de condenação colegiada no escândalo das passagens, Moreira Mendes não poderá disputar a eleição em 2014, mas pretende trabalhar a candidatura do filho, Guilherme Erse, a algum cargo eletivo”.

Na sua página, ele se apresenta como “Empreendedor e advogado militante no estado de Rondônia desde 1972. Paulista de nascimento e rondoniense por opção. Sou também Procurador aposentado da Assembleia Legislativa do Estado, fui Vice-Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (Faperon). Fui Secretário de Estado da Administração do Governo de Rondônia no período de 1989 a 1991, Senador da República de 1999 a 2003, Deputado Federal 2007 a 2010 e atualmente exerço o segundo mandato de Deputado Federal”.

No que diz respeito ao seu desempenho como Procurador da Assembleia Legislativa, além da fascinante história do “escândalo das passagens”, que lhe valeu três processos, o que consta é que “Moreira Mendes era servidor estatutário da Assembléia, com carga horária de 40 horas semanais, mas os servidores do legislativo dizem que nunca o viram por lá”. O que não impediu que, eleito deputado federal em outubro de 2006, tivesse sua aposentadoria requerida e aprovada nos últimos dias da então legislatura de Rondônia, ainda que acusado por colega de ter utilizado o dinheiro desviado das contas da Assembleia para comprar hotéis e fazendas.

Aliás, a ação cível pública 0098940-87.1995.822.0001, resultante do “Primeiro Escândalo das Passagens (depois deste, vieram outros com novas personagens) (…) foi ajuizada pelo Ministério Público em abril de 1997“. Em 31 de julho de 2009, os réus foram condenados a devolver os recursos supostamente desviados dos cofres públicos. Todos apelaram, e o processo foi para o Tribunal de Justiça em março de 2010. Na ocasião, Moreira Mendes alegou que, embora deputado federal, não tinha condições de arcar com as custas da apelação. Conseguiu protelar o recolhimento para o final do processo, coisa difícil de conseguir até por quem ganha salário mínimo!

Um notícia interessante: hoje, 19 de julho, é aniversário do deputado. Quem estiver interessado em cumprimentá-lo pode usar os endereços abaixo, que constam de seu saite exatamente para serem usados para contatá-lo. Fica a sugestão…

E-mail: dep.moreiramendes@camara.leg.br
Site oficial: www.moreiramendes.com.br
Twitter: @moreiramendes55
Facebook: MoreiraMendesRondonia

Na verdade, o perfil acima do facebook está lotado, mas o Deputado Moreira Mendes, que é onde ele postou o vídeo acima, está em pleno funcionamento…

Comments (3)

  1. Petição: Secretaria Nacional dos Povos Indígenas.
    O Brasil avançou muito nestes últimos anos.
    Por um lado, ele se transformou num exemplo de democracia para a América Latina.
    Mas, por outro, persistem situações concretas que nos denigrem
    e que exigem respostas imediatas de governantes e governados.
    Algo faz falta há muitos anos:
    Petições: Secretaria Nacional dos Povos Indígenas http://www.avaaz.org/po/petition/Secretaria_Nacional_dos_Povos_Indigenas/?fgsJddb&pv=0

  2. É tranquilizante quando um público e notório condenado por improbidade administrativa se refere à sua corporação profissional como “quadrilha”. Você têm a certeza de estar fazendo a coisa certa.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.