Comitê estadual aponta problemas nas investigações do massacre dos Waimiri-Atroari feito pela Comissão Nacional da Verdade
Amazônia* – O Comitê Pela Memória Verdade e Justiça do Amazonas questionou, nesta terça-feira (16), o andamento das investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV) sobre os massacres sofridos pelo povo indígena Waimiri-Atroari que, entre os anos de 1967 e 1986, foram reduzidos a aproximadamente 10% do que eram no início da construção da BR-174.
“É preocupante que a CNV ainda desconheça o conteúdo do relatório encaminhado em outubro de 2012 pelo Comitê da Memória Verdade e Justiça do Amazonas no qual são descritos os mecanismos encontrados por agentes da Ditadura Militar para manter encobertos estes atos de genocídio”, disse a comissão.
A comissão repudia o fato de ter sido impedida pela representante da CNV, Maria Rita Kelh, de visitar à Terra Indígena Waimiri-Atroari entre os dias 5 e 6 de julho de 2013, durante audiência feita pela comissão nacional. “Por outro lado, os trabalhos da CNV foram acompanhados pelo Programa Waimiri-Atroari (PWA), que ainda determinou todo o contexto em que seriam ouvidos os indígenas, incluindo data e local de realização dos trabalhos da CNV, que já havia sido protelada por mais de meio ano e, ainda, teve como principal interlocutor um indigenista da Eletrobrás”, afirmou.
O comitê estadual enfatiza que o PWA é comandado pelo indigenista da Eletrobrás, José Porfírio de Carvalho, que exerceu um dos principais cargos indigenistas da Ditadura Militar no Amazonas durante o período mais crítico, quando ocorreram centenas de assassinatos de pessoas no Território Waimiri-Atroari, em meados da década de 1970. “Portanto, José Porfírio de Carvalho não é o mais indicado interlocutor para o caso e esteve envolvido, desde a década de 1980, na expulsão da terra indígena de todos os pesquisadores e professores que se dedicaram a ouvir os relatos dos índios sobre os massacres. Essa relação do PWA com a ditadura está detalhada no relatório encaminhado a CNV e que é de domínio público”, disse a comissão.
O comitê também ressalta a falta de tempo dedicado a pesquisa deste caso. Este foi o último momento dedicado a escuta dos sobreviventes Waimiri-Atroari. “É preciso atenção para que esses documentos gerados pela CNV não se fragilizem na superficialidade e inverdades de informações que vão ao encontro do discurso que, por motivos óbvios, primam pela ocultação dos crimes e seus responsáveis”, disse.
*Fonte: A Crítica
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Compartilhada por GleiceOliveira Guarani-Kaiowá.