ES – Bloco Ambiental protocola manifesto no governo e Assembleia cobrando a abertura da CPI do Pó Preto e rigor em relação aos problemas ambientais

Any Cometti, Século Diário

O grupo SOS Espírito Santo Ambiental protocolou, na tarde dessa terça-feira (9) e nessa quarta-feira (10), na Assembleia Legislativa e Palácio da Fonte Grande, sede do governo, manifesto das associações ambientalistas da Capital que cobram mais rigor do governo do Estado e da Casa para os problemas ambientais capixabas, sobretudo a questão da poluição atmosférica. O documento foi produzido pelo Bloco Ambiental da manifestação do último dia 28 de julho e tem como uma das principais reivindicações a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto.

Na carta, os manifestantes criticaram a interferência direta do governo na Casa, no sentido de impedir a abertura de CPIs. As entidades acusam o governador Renato Casagrande de utilizar a aprovação da 8ª usina de pelotização da Vale como instrumento de “barganha política”, uma vez que, segundo elas, atuou em favor de interesses partidários e em total desrespeito à população que, nas audiências públicas do empreendimento, foi contrária à implantação.

Os militantes também apontam que a responsabilidade da conivência governamental com os empreendimentos poluidores está, sobretudo, nas mãos dos que receberam doações de campanha dessas empresas e “se negam a agir com transparência, escondendo os temas que são debatidos a portas fechadas em seus gabinetes”.

As entidades declaram-se contra a instalação da 8ª usina e também manifestam seu descontentamento com a política de realização de audiências públicas. Ao invés disso, cobram soluções técnicas, científicas e medidas políticas mais eficazes e prometem seguir com o empenho pela abertura da CPI do Pó Preto, que tinha como objetivo investigar a ineficácia do poder público na apuração das causas e efeitos da poluição atmosférica na Grande Vitória.

Outras críticas feitas pelos ambientalistas são referentes à massiva construção de portos no litoral capixaba, ao descaso com que é tratada a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) que, só no governo Casagrande, já passou pelas mãos de três diferentes dirigentes; ao sucateamento do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), e à inoperância do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) que, segundo eles, tem atuado como mera instância de concessão de licenciamentos ambientais a empreendimentos poluidores.

Também é apontado na carta o descontentamento com o Projeto de Lei nº 99/2013, a Política Estadual de Recursos Hídricos, que tirará a atribuição da implantação dessa política do Iema para uma agência que ainda será criada. É apontado que a tendência brasileira para tal gestão é fundir a questão ambiental à questão hídrica, e o Estado está na contramão.

Ao final do documento, as entidades expressam indignação com relação à truculência policial com que foram tratados os manifestantes no protesto e evidenciam que os policiais que o fizeram não estão preparados para tal abordagem.

No governo, a carta foi direcionada ao governador Renato Casagrande e à secretária de Estado de Meio Ambiente, Diane Rangel e, na Assembleia ao presidente Theodorico Ferraço (DEM), além de entregue em mãos ao deputado Gilsinho Lopes (PR) e, especialmente, ao deputado Cláudio Vereza (PT), com a sugestão de uma reflexão de toda a bancada petista sobre a decisão de desapoio à CPI.

Além do SOS Ambiental, assinam as reivindicações o Movimento Pó Preto Vitória ES, o Movimento ES Salve o Código Florestal Brasileiro, a Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC), a Associação dos Amigos do Parque da Fonte Grande (AAPFG), a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), a Associação Nacional dos Amigos do Meio Ambiente (Anama) e a Família de Assistência a Saúde do Meio Ambiente (Fasma).

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