“Eles vêm de vez em quando, tiram medidas, fotos… Mas não tenho ideia de quando vou ter que sair da minha casa”. A dúvida é do aposentado Antônio Lopes Ferreira, 66, que mora há mais de 20 anos em uma das vias próximas ao rio Maranguapinho. A região passa por revitalização. A queixa sobre a imprecisão de datas, valores e imóveis que serão desapropriados para urbanização da área é comum entre os moradores e soma-se às denúncias de abandono e danos já causados pelas intervenções.
A recuperação do afluente, na Capital, é dividida em três trechos, sendo o terceiro subdividido em duas áreas (A e B). É no trecho 3-B, que compreende a extensão entre a rua Jardim Fluminense (bairro Santa Rosa) e o Anel Viário (Maracanaú), que a população – como o aposentado Antônio – aponta problemas. Algumas residências no trecho já têm letras e números pintados na fachada, referentes às medições para desapropriação feitas pelos técnicos da Secretaria das Cidades – pasta responsável pelo projeto. Mas os moradores pedem mais informações.
De acordo com a secretaria, neste trecho, 1.862 famílias precisarão deixar as residências para dar espaço a quadras esportivas, praças, ciclovias e outros equipamentos do projeto. A casa onde a babá Saionara da Silva Ferreira, 38, mora com o filho, o marido e a mãe, é um desses imóveis e está na margem direita do rio (sentido Sertão-Praia), na avenida Cônego de Castro. “Compramos essa casa com a laje justamente para construir no andar de cima. Agora não sabemos nem como ou quando será esse negócio de indenização”, conta. A falta de informações é lamentada também por moradores das ruas Largo do Tanque e Xisto Albano, próximas à margem direita do Maranguapinho.
Margem esquerda
Do lado esquerdo do afluente, ainda no trecho 3-B da obra, os serviços de urbanização estão mais adiantados, com terraplanagem já finalizada. “Eles tiraram as casas, mas deixaram vários buracos. Tem um em frente à minha casa e eu não posso nem entrar com o carro na garagem”, reclama o comerciante Antônio Cláudio Vieira, 53, que mora na rua 12 de junho.
O excesso de entulho, mato alto e areia úmida, além das ruínas das casas já demolidas, são apontados como problema por quem transita no local. “Aqui é esconderijo para bandido e perigo para as crianças”, relata o vendedor Rubens Glécio de Lima, 28, apontando para os destroços de um imóvel.
Saiba mais
As ações do projeto do rio Maranguapinho serão executadas em Fortaleza, Maracanaú, Maranguape e Caucaia.
O projeto começou em 2009 e deve ser concluído até dezembro de 2014.
Os três primeiros trechos da iniciativa fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) I, do Governo Federal. Outros dois trechos farão parte do PAC II.
A previsão é de que 6.547 unidades habitacionais sejam construídas em sete residenciais. Já foram reassentadas 2.625 famílias em seis residenciais.
O investimento total do projeto é de R$ 694,9 milhões.