Atalaia do Norte – AM, 03 de Julho de 2013
Nós povos indígenas: Marúbo, Mayuruna, Matis e Kanamary do Vale do Javari estamos reunidos no auditório da Coordenação Regional da Fundação Nacional do Índio – CRVJ/FUNAI/ATN/AM, preocupados com o caso que ocorreu com as crianças indígenas Marúbo Natalino Dorlis Marubo, de 10 anos, e Clebson Dionísio Marúbo, de 12 anos, que foram amputados por picada de cobra, que está causando a insatisfação dos familiares pelo sofrimento dos mesmos, que é a grave situação pela falta de soro antiofídico nos Polos Bases, que levou a agravamentos do quadro dos pacientes.
Vale lembrar que tal medicamento nunca faltou mesmo nos períodos de responsabilidade da saúde indígena pela FUNAI. Esta é segunda vez na história que acontece na vida dos povos indígenas do Vale do Javari, bem como já aconteceu em 1995, e agora dessa vez temos um caso de óbito de uma indígena, Mayuruna Branca Unan Mayuruna, de 50 anos, da aldeia Fruta-Pão do povo Mayuruna.
Estamos insatisfeitos com a falta de tudo nos Polos Bases, (soro antiofídico, luva, medicamento, insuficiência de gasolina, óleo lubrificante, vela, hélice de motor, etc.), que muitas vezes os remédios são enviados em fase de vencimentos pelo DSEI aos Polos Bases. Os profissionais sobem aos rios com promessa muitas vezes de receber medicamento depois, finda passando os 45 dias e/ou ficando até mais dias sem medicamentos.
Os profissionais são cobrados condições de trabalho pelos indígenas, e não sabem o que fazer. A Casa de Apoio de Tabatinga está quase parando, pela falta de pagamento de 16 meses de pendência, e o proprietário está preocupado pela falta de pagamento. Falta de faxina na referida estrutura por falta materiais de limpeza do DSEI, e estão desestimulados no serviço de saúde. Não tem mais dieta para os pacientes, por falta de alimentação e o fornecedor diz que não tem condições de fornecer se não houver pagamento dos que já foram fornecidos para DSEI.
Os carros estão parados por falta de peças de reposição, se obrigam usar da FUNAI, o barco que fazia transporte entre Benjamim Constant a Tabatinga para apoio aos portadores em tratamento, está parado por falta de barco. Apenas tem dois barcos tipo (deslizador) para atender as remoções no interior da Terra Indígena do Vale do Javari, causando dessa forma a insatisfação pela gestão de saúde no Vale do Javari.
O Dr. Vorney medico que acompanha os pacientes portadores de Hepatites Virais em tabatinga, tem apresentado a situação da estrutura da Casa de Apoio de Tabatinga, ao chefe no sentido de melhorar a atenção de saúde mais humanizada, no entanto não foi tomado providencias. Por sua vez, os indígenas se sentem abandonados e cobram suas aldeias que tome providencias no sentido de melhorar a atenção no local.
A morte do adolescente Kulína, causou por espera do convênio da SESAI com estado, como não houvesse recursos próprios para frete de avião, e atenção de saúde indígena não tem sido humanizado, bem como vem acontecendo outros casos constrangedor, pela qual os indígenas tem se negado ir para as referencias para atenção de media e alta complexidade.
Diante exposto, vimos exigir a presença do Dr. Antonio Alves – secretario da Secretária Especial de Saúde Indígena – SESAI/MS, para uma reunião com urgência com as lideranças indígenas do vale do Javari, em Atalaia do Norte – AM, para providencias dos descasos que acontece na região.
Exigimos que seja adquirido soro antiofídico para as comunidades indígenas, pelo motivo que está aumentando acidentes ofídicos no interior da terra indígena do vale do javari. Pois precisamos de uma resposta URGENTE, caso não sejamos atendidos iremos levar ao conhecimento do Ministério Público Federal, bem como exigiremos uma audiência pública em Atalaia do Norte – AM, alem de outras providencias necessárias que iremos tomar.
Desde já agradecemos sua valiosa atenção e despedimo-nos, com saudações indígenas.