Assessoria de comunicação – Cimi
J.Rosha, de Manaus(AM)
Moradores das comunidades indígenas dos rios Quiuini, Aracá e Demeni, no município de Barcelos (AM), estão sofrendo impactos da pesca predatória e da retirada ilegal de madeiras, conforme denúncia feita pela coordenadora da Associação Indígena de Barcelos – Asiba, Dilsa Tomás de Melo. “Nós já denunciamos, mas a fiscalização só vem depois de muitos meses”, disse ela.
O tráfego de balsas com carregamento de madeira é intenso na região do Médio Rio Negro, tanto quanto o de barcos pesqueiros de todos os portes. “Nós não sabemos se algum órgão autoriza essa pesca. O fato é que nos locais onde os indígenas sempre pescavam já não existe tanto peixe assim. Até na feira da cidade, às vezes, temos dificuldade de encontrar algum peixe”, relata a coordenadora da Asiba.
Na opinião dela, as invasões são freqüentes e sem controle porque a terra ainda não é demarcada. Há mais de dez anos, os indígenas cobram do Governo Federal a demarcação das terras na região de Barcelos – município do Amazonas que fica a 396 quilômetros de Manaus, a capital do Estado. De acordo com dados do IBGE de2010, a população do município é de 25.718 habitantes, dos quais 8.367 são indígenas (32,53%) dos povos Baré, Tukano, Tariano, Pira Tapuia, Dessano e outros.
Em julho de 2010, por meio da Portaria número 1.045, o Departamento de Assuntos Fundiários da Fundação Nacional do Índio (Funai) constituiu um grupo técnico com o objetivo de realizar mais uma etapa dos estudos complementares de natureza etno-histórica, antropológica e ambiental necessários à identificação e delimitação de áreas de ocupação tradicional indígena, na margem direita do rio Negro e nas regiões de abrangência dos rios Caurés, Quiuini, Aracá, Demeni, Preto e Padauiri, nos municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro/AM. O grupo era composto por Sidnei Clemente Peres, antropólogo-coordenador, além de outro antropólogo, dois biólogos e lideranças indígenas da Asiba e da FOIRN – federação das Organizações indígenas do Rio Negro – Foirn, que acompanhariam os trabalhos.
Até a presente data, a Funai nada informou aos indígenas sobre o resultado do trabalho realizado por aquele Grupo Técnico.
Saúde – Em todas as reuniões do Conselho Distrital de Saúde Indígena – Condisi, órgãos responsável pelo controle social das ações de saúde, os indígenas apresentam várias denúncias e tocam na mesma tecla da deficiência no atendimento às comunidades, porém nada avança. Dilsa Tomás diz que o barco do Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI, que em sede no município de São Gabriel da Cachoeira, é orientado não se sabe por quem a atender tanto os indígenas como as comunidades ribeirinhas.
“Isso cria um problema sério para nós porque muitas vezes o barco não chega à metade do caminho. Muitas comunidades indígenas ficam sem atendimento porque acaba medicamento e as condições de atender os outros”, diz Dilsa.