Ângela Kempfer e Helton Verão, Campo Grande News
Um grupo de representantes das oito etnias indígenas de Mato Grosso do Sul ocupou na tarde de hoje a sede da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena). Eles entraram pacificamente, mas os funcionários resolveram suspender os serviços.
Os índios querem o afastamento imediato do coordenador do órgão no Estado, Nelson Carmelo. Segundo eles, pessoas estão morrendo nas aldeias por problemas simples, por conta do total abandono da Secretaria que substituiu a Funasa no atendimento à saúde indígena.
Os manifestantes dizem que a criação da Sesai acabou com a qualidade dos serviços nas aldeias. “Virou bagunça”, diz um dos representantes do movimento, Fernando Souza.
Ele garante que os técnicos de enfermagem que aparecem nas aldeias, chegam sem materiais básicos para o atendimento. “No último ano a verba para saúde dobrou de R$ 20 milhões para R$ 45 milhões, como então que a coisa só piora?”, questiona.
Também lembra do caso de um homem que morreu de pneumonia sem nunca ter sido encaminhado ao médico. A doença, segundo Fernando, é um dos principais motivos de morte nas comunidades indígenas do Estado.
Em um prédio novo, na Via Parque, o grupo encontrou instalações bonitas, até “luxuosas” na opinião dos índios. “Já nas aldeias a situação ta bem difícil, cada ano mais”, critica Fernando.
O agente de saúde Reginaldo Aquino, índio guarani da aldeia Panambizinho, em Dourados, fala em “retrocesso”. “Quando tem receita, o índio vai retirar o medicamento, mas nunca acha”, reclama.
O grupo não encontrou o coordenador no local, mas aproveita o protesto para gravar a movimentação e depoimentos dentre as cerca de 50 pessoas presentes à manifestação, para enviar ao Ministério da Justiça.