Revolucionários em cordel

checordel1

Mário Téran, um sargento
Pra o ato se ofereceu
Félix Rodriguez da CIA
Mais uma ordem lhe deu
E explicou o porquê:
O alvo é o tórax, pra que
Pensem que em luta morreu.

No dia nove de outubro
Do ano sessenta e sete
À uma hora da tarde
Triste fato se repete
Che Guevara assassinado
Seu nome imortalizado
E a notícia era manchete.

Por Cynara Menezes, em Socialista Morena

A tradição da literatura de cordel remonta ao século 15. Foi trazida ao Brasil pelos portugueses e, no Nordeste, acabou virando a mais autêntica forma de literatura sertaneja, com suas capas impressas em xilogravura. À venda nas feiras, nos livrinhos de cordel se encontram praticamente todos os personagens da história do Brasil e do mundo.

Em Vitória da Conquista (BA), achei estes exemplares que contam a vida de alguns revolucionários famosos. Quero compartilhar com vocês imagens e versos desta arte que é a cara do Brasil. Leiam com viola aos ouvidos…

***

zapatacordel

Zapata inda era um menino
Quando um fato aconteceu.
Ele viu o pai chorando
Pelas terras que perdeu.
Então aquela criança
Comovida prometeu:

–Papai eu juro ao senhor
Quando crescer vou lutar.
Vou defender nossa terra,
Nossa casa, nosso lar.
As palavras que o menino
Disse, o homem soube honrar.

***

olgacordel

A denúncia de Miranda
Secretário do partido
Deixava Getúlio Vargas
Desde então mais decidido
Mostrar que era ruim
Mandou Olga pra Berlim
Sem nem Hitler ter pedido.

A ação de Getúlio Vargas
Foi uma barbaridade
Pois entregou Olga ao Reich
Sem nenhuma piedade
Por “Pai dos Pobres” tratado
Mas merece ser chamado
Malfeitor da humanidade.

***

zumbicordel

Quando Jácome atacou
Naquela segunda vez
Um guerreiro inda menino
Imensa proeza fez:
Destroçou a expedição
Com coragem e altivez.

O menino era Zumbi
Com seus dezessete anos,
Por ser muito inteligente
Sabia traçar seus planos
Para assim se defender
Dos massacres desumanos.

***

chicomendes1

Na cidade Xapuri
O seu berço natural
No ano de oitenta e oito
Antevéspera de Natal
O vinte e dois de dezembro
Foi o seu dia final.

Um pistoleiro maldito
Com sua mão assassina
E tamanha violência
Que o leitor não imagina
Disparou em Chico uma
Rajada de carabina.

Ao lado de esposa e filhos
Tombou sem vida no chão
Como quem dizia adeus
Flora do meu coração
Meu sangue se espalha em ti
Pra total libertação.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.