Thalyta Andrade/Diário MS
O inquérito sobre o assassinato do adolescente indígena Denílson Barbosa, 15, ocorrido no dia 17 de fevereiro em uma fazenda de Caarapó, está travado. Conforme a Polícia Civil, o fato de as duas únicas testemunhas do crime – o primo da vítima, de 17 anos e o irmão, de 11 – terem sido inseridas no Programa Nacional de Proteção à Testemunha, impede um novo depoimento que seria fundamental para o esclarecimento sobre a possível ação de outras pessoas.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, os novos depoimentos são fundamentais para o esclarecimento de dados apontados pelos laudos da Perícia Técnica. “Enquanto não colhermos os depoimentos não é possível que seja esclarecida, por exemplo, a participação de outras pessoas no assassinato, que é a versão defendida pelos próprios indígenas”, disse o delegado regional da Polícia Civil, Antônio Carlos Videira.
Segundo Videira, o fazendeiro Orlandino Carneiro, 61, já foi ouvido novamente. “Questionamos a ação dele, considerando a questão de tempo, que é algo questionado no laudo da Perícia. Ele alega que fez tudo sozinho, que ao tentar socorrer a vítima avistou indígenas na estrada, parou, deixou o adolescente no acostamento, voltou para o carro e fugiu. O novo depoimento foi para esclarecer esse ponto principalmente” destacou o delegado, acrescentando ainda que o inquérito pode ser concluído sem um novo depoimento dos indígenas, caso a SDH não os apresente para novo depoimento. “Já encaminhamos solicitação para que sejam apresentados, só que até agora não tivemos resposta. Caso continue dessa forma, seremos obrigados a encerrar o inquérito sem esses depoimentos, o que seria um prejuízo à versão dos próprios indígenas”.
Procurada pelo Diário MS, a advogada Sueli Lima, que representa Orlandino Carneiro, ressaltou que o fazendeiro permanece à disposição da Justiça. “Meu cliente segue tranquilo, até porque ele admitiu o crime. Vamos aguardar o andamento do inquérito e, consequentemente, do processo”, afirma.
Segundo a advogada, a maior preocupação no momento é com relação ao pedido de reintegração de posse da fazenda, que também está parado na Justiça. “A nossa solicitação ainda não teve resposta, e os indígenas seguem acampados na propriedade. Mas estamos otimistas e no aguardo de uma decisão favorável”. Conforme Sueli, o fazendeiro está vivendo com apoio de parentes. “É uma situação que ele nunca imaginava viver na vida, ele está fora da casa dele, vivendo improvisadamente e contando com a boa vontade de parentes”, finalizou.
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