Denúncias de racismo crescem 9,3 % em Minas no 1º semestre

Mãe da garota, Fátima da Silva denunciou episódio ocorrido em escola particular de Contagem

Polícia Civil marca depoimento das testemunhas que teriam presenciado insultos racistas contra menina de 4 anos em escola de Contagem. Crimes do tipo têm aumento no estado

Pedro Ferreira

A batalha por Justiça da atendente de telemarketing Fátima Adriana Viana da Silva de Souza, de 41 anos, que denunciou racismo contra a filha de 4 anos, começa a ter resultados. Às 9h de segunda-feira, a Polícia Civil interroga testemunhas no inquérito que apura o crime. Uma delas é a professora Denise Cristina Pereira Aragão, de 34, que no dia 10 presenciou uma mulher identificada por Mariinha invadir o Centro de Educação Infantil Emília, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e aos gritos chamar a menina de “negra e preta horrorosa e feia”. A atitude da acusada, avó de um dos alunos, teria sido motivada pela escolha de uma criança negra para dançar quadrilha com o neto. Indignada com a atitude da dona e diretora da escola, que não tomou qualquer providência para defender a aluna e tentou abafar o caso, Denise Cristina pediu demissão. Além dela e da mãe da criança, o delegado Juarez Gomes vai ouvir a diretora, Joana Reis Belvino, e a acusada, que não teve o nome completo divulgado. Uma quinta testemunha será ouvida terça-feira, quando o inquérito será concluído e encaminhado à Justiça. (mais…)

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Prisões, desaparecimento e tortura nas grandes obras do PAC

Raimundo Braga da Cruz Sousa, ex-operário da Hidrelétrica do Jirau, passou mais de 50 dias preso por crime que não cometeu. Fotos: Fernando Leite / Jornal Opção

Déborah Gouthier

A Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, é uma das principais obras em construção no país, conduzida com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal. Desde o início, a obra foi marcada por críticas em relação à políticas públicas, meio ambiente e, principalmente, aos direitos humanos. Os problemas foram intensificados em 2011, quando os quase 20 mil operários envolvidos na construção conduziram um forte movimento grevista, no qual reinvindicavam melhores condições de trabalho e aumento salarial. A greve desembocou em uma revolta dos operários, marcada por um incêndio no canteiro de obras.

Um ano depois, já em 2012, os trabalhadores contratados, em sua maioria, pela construtora Camargo Correa deram início a uma nova paralisação, diante do não cumprimento do acordo obtido e da continuidade nos problemas trabalhistas, que incluiam mortes, doenças e humilhações. Em 3 de abril, um novo incêndio tomou conta dos alojamentos dos operários e 24 mandados de prisão foram expedidos, denunciando alguns dos grevistas como responsáveis pelo atentado. Entre eles, dois continuam presos ainda sem julgamento e 12 estão desaparecidos.

Findada a greve e refeitos os alojamentos, a construção continua a todo vapor. Entretanto, com o apoio e respaldo da Liga Operária, uma entidade classista anti-partidária que luta pelos direitos da classe trabalhadora, alguns dos operários resolveram denunciar o que, segundo eles, ocorre por trás das notícias divulgadas pela mídia local e dos interesses das contrutoras e do governo federal. O Jornal Opçãorecebeu um deles, o piauiense Raimundo Braga da Cruz Sousa. Com 22 anos de idade, ele trabalhou por oito meses em Rondônia, nas obras da Hidrelétrica do Jirau, e acabou passando 54 dias preso como um dos responsáveis pelo incêndio. Sem direito a resposta, a condições básicas de higiene e sem nem saber do que se tratava. Confira a seguir a entrevista concedida por ele e por Gerson Lima, integrante da Liga Operária que o tem acompanhado em palestras e discussões por todo o Brasil. (mais…)

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