Duas estudantes africanas acabaram de ser apreendidas em Fortaleza, no interior do shopping Benfica, por policiais federais. Sem nenhuma motivação oficial foram levadas para o Aeroporto Pinto Martins e lá estão prestando depoimento. Quando perguntado para o policial sobre o motivo da apreensão, foi respondido de forma grosseira que as estudantes foram flagradas, trabalhando e sem documentação numa situação “suspeita”, questionado que atitude suspeita seria essa, foi respondido que as jovens estavam em frente de uma loja com uma prancheta na mão e pareciam estrangeiras. Argumentou ainda que esse procedimento faz parte de uma investigação da polícia e que esse é seu papel no setor de migração da polícia federal.
A violência sofrida por africanos(as) no Ceará vem se acentuando nos últimos meses. Já foram feitas algumas denúncias nos órgãos federais, na Procuradoria da República, no Conselho Nacional de Imigração e Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Como parte desses cenário de violência, há duas semana foi morta uma jovem em São Paulo por discriminação e em 2010 e 2011 foram mortos dois jovens aqui no Ceará. São fatos que tem se tornado comuns e que os agressores não estão sendo responsabilizados!
Para fazer frente a esta situação, o movimento de africanos está ganhando forças. No último mês, reuniram-se africanos residentes em vários estados do país na Cúpula dos Povos, em paralelo ao evento Rio + 20, oportunidade em que foi lançado um documento denunciando o que os africanos estão passando no Brasil e exigindo que sejam tomadas providências pelo Estado brasileiro. O governo brasileiro tem assumido o discurso, divulgados na mídia, acerca da solidariedade internacional com os povos da África, no entanto não tem assumido uma postura mais incisiva diante das situações graves de violações de direitos humanos que tem se apresentado. (mais…)