Poluição e descaso correm pelos cursos d’água que banham Minas Gerais

Extremos na bacia do São Francisco: Rio Maranhão bebe esgoto puro no Centro de Congonhas...
...enquanto o castigado Rio das Velhas se purifica no encontro com o Paraúna, em Santo Hipólito

Expedição de um mês e quase 7 mil quilômetros pelas maiores bacias mineiras revela agressões que desafiam a renovação quase milagrosa dos cursos d’água. Assoreamento, esgoto e descaso anunciam um horizonte sombrio para o futuro de nossas águas

Flávia Ayer

Lá se vão quase 50 anos desde a entrevista do escritor e médico Guimarães Rosa ao crítico alemão Günther W. Lorenz. E os grandes rios? Ah, esses ainda guardam semelhanças com os homens, mas longe de serem poéticas, como as enxergadas pelo gênio que contou em prosa a alma do sertão mineiro. Abarrotados de sedimentos, muitos reduzidos a canais de esgoto, são rasos e podres, tal como a pobreza de espírito da sociedade que se acostumou a descartar nos cursos d’água tudo o que já não serve. Basta olhar para os trechos assoreados do São Francisco. Marco na obra de Rosa, no estado e no país, o grande e velho Chico tem áreas onde o transporte hoje só ocorre em pequenas embarcações. Um problema que começa antes: pode ser sentido já no cheiro das águas cinzentas do Ribeirão do Onça ou nas margens tomadas de sacos plásticos e lixo do Rio das Velhas, na Grande BH. Mas é a visão do leito seco de mananciais na bacia do Jequitinhonha, como o Córrego do Vandinho, em Padre Carvalho, que não deixa dúvida: a ação do homem tem conseguido apagar a magia da palavra “rio” e ameaçar o milagre da renovação da vida em ecossistemas cada vez mais castigados, a ponto de, pouco a pouco, roubar-lhes a eternidade. (mais…)

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Abaixo-assinado pela aprovação do PL 7447/2010, que estabelece diretrizes e objetivos para as políticas públicas de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais

Considerando ser o Brasil um Estado Democrático de Direito que preza pelo cumprimento integral da Carta Magna, na qual pactua com diversas convenções internacionais, nas quais os Direitos Humanos, principalmente a integralidade da dignidade da pessoa humana é norte para construção da justiça social, não se pode mais admitir que, com mais de 500 anos de história, seja colocado a segundo plano o trato com aqueles que inegavelmente são os “guardiões do legado cultural afro” e que irradiam tal cultura a formação de nosso país, ou seja, os povos tradicionais de terreiro.

Os povos tradicionais de terreiro asseguram a manutenção, desde a formação de nosso país, das riquezas culturais em sua ampla diversidade de signos e significados de todo o legado afro-brasileiro, seja em sua conotação religiosa, mas principalmente do que trata o salvaguardar uma cultura.

Vale salientar, desde já, a grande importância de expressão cultural que representamos nesse país, logo não podemos admitir que além do racismo e preconceito impostos, desde a escravidão, nos tornemos vitimas também de um racismo institucional, da sustentação da intolerância e do crescimento assustador de movimentos que tentem coibir, diluir ou descaracterizar o que é a realidade de nosso povo!  (mais…)

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Uma homenagem aos pescadores e pescadoras artesanais: Dorival Caymi e Orson Welles

“As imagens são de um documentário inacabado do Orson Welles chamado “Four Men on a Raft” (Quatro homens em uma balsa). É uma reconstrução da viagem em uma jangada de vela, em que quatro pescadores pobres fizeram de Fortaleza para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, para apresentar pessoalmente as suas queixas ao presidente Getúlio Vargas”. (ASCoelho)

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Escândalo da taxa libor pode ser um “golpe devastador”

O escândalo envolve cerca de 20 grandes bancos internacionais e um mercado de cerca de 500 trilhões de dólares, quatro vezes o PIB dos Estados Unidos. Em entrevista à Carta Maior, o professor de Economia do Centro de Investigação de Mudança Sócio-Cultural (CRESC), da Universidade de Manchester, Michael Moran, assinalou que este escândalo pode ser um golpe devastador na frágil credibilidade do sistema financeiro internacional

Marcelo Justo – Londres

Londres – A atual crise econômica mundial é filha do estouro financeiro de 2008. O resgate das principais instituições financeiras, os pacotes de estímulo fiscal e a recessão mundial conduziram à crise da dívida soberana com epicentro na eurozona. Os resgates de Grécia, Portugal e Irlanda serviram para evitar uma crise dos bancos e entidades credoras desses países. Na Irlanda, o Estado assumiu toda a dívida construída por seus principais bancos: o balanço fiscal passou do superávit de 2007 para um prejuízo equivalente a 32% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010.

O escândalo da manipulação da taxa interbancária Libor que estourou na semana passada é uma nova etapa desta longa crise do sistema financeiro. O escândalo envolve cerca de 20 grandes bancos internacionais e um mercado de cerca de 50 trilhões de dólares, quatro vezes o PIB dos Estados Unidos. Em entrevista à Carta Maior, o professor de Economia do Centro de Investigação de Mudança Sócio-Cultural (CRESC), da Universidade de Manchester, Michael Moran, assinalou que este escândalo pode ser um golpe devastador na frágil credibilidade do sistema financeiro internacional. (mais…)

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A solução é negar um prato de comida?

A mais rica e populosa cidade do Brasil não sabe como lidar com seus 15 mil moradores de rua. Primeiro, tentou enxotá-los para longe. Agora, quer coibir o sopão da madrugada. Foto: Fora do Eixo/Flickr

Rodrigo Martins

“Cuidado com a crítica fácil, potencializada num ano eleitoral”. O alerta de Gilberto Dimenstein, ongueiro profissional e colunista da Folha de S.Paulo, tinha alvo certo: os cidadãos que articulam pela internet um “sopaço” contra o prefeito paulistano, Gilberto Kassab, e o nebuloso projeto de proibir a distribuição de comida a quem dorme debaixo das marquises da capital.

“Está parecendo, pelas manifestações, que Kassab quer que os moradores de rua passem fome. Não é o caso. Ele só está tentando estimular que as pessoas fiquem mais tempo nos abrigos, onde há vagas ociosas”, escreveu na quinta-feira 26. “Essa campanha está cheirando a uma mistura de eleição com falta de informação.”

O jornalista parece ter se afobado na defesa solitária do governo. Com a repercussão negativa da notícia, a própria prefeitura voltou atrás em sua decisão. Kassab desautorizou o secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega, que havia dito que as instituições que insistissem em oferecer comida em via pública seriam “enquadradas administrativa e criminalmente”. Dito pelo não dito, dois protestos organizados em redes sociais continuam marcados para esta sexta-feira 6: um na Praça da Sé e outro em frente à casa do prefeito, em Pinheiros, na zona oeste. Ao contrário de Dimenstein, os manifestantes parecem estar fartos das desculpas esfarrapadas para justificar as políticas higienistas implantadas pela prefeitura. A sopa na rua é o enésimo capítulo de uma longa novela. (mais…)

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Com sopão, manifestantes protestam pelo direito de distribuir comida a moradores de ruas de São Paulo

Daniel Mello, Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Um grupo de manifestantes distribuiu na noite de ontem (6) cerca de 50 quilos de sopa na Praça da Sé, no centro da capital paulista. Eles protestaram contra as declarações do secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega, publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo de que iria punir organizações não governamentais (ONGs) e entidades assistenciais que insistissem em dar sopão a moradores de rua.

Com a repercussão negativa da entrevista, a prefeitura divulgou uma nota desmentindo que pretenda proibir a distribuição de alimentos. “O que existe é a proposta de que as entidades ocupem espaços públicos destinados para o atendimento às pessoas em situação de rua, como as tendas instaladas pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social”, diz a nota.

“A nossa proposta é distribuir a sopa para todo o cidadão, não só quem está em situação de rua”, declarou o coordenador no Movimento Nacional da População de Rua, Anderson Lopes, que criticou a falta de uma política de segurança alimentar. “Quem vive na rua passa fome, passa dificuldades. Então, para nós, é de fundamental importância que exista uma política de segurança alimentar. Como não existe na cidade de São Paulo, são importantes essas organizações que distribuem comida e dão água”. (mais…)

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Antônio Vieira e o doce inferno dos negros

Escravidão no Brasil, quadro de Jean-Baptiste Debret (1768-1848). Imagem: Reprodução

Por Emiliano José

Nasceu em Lisboa em 1608. Morreu em Salvador, em 1697. Com seus sermões, tornou-se uma referência, tanto pela maestria e beleza com que esgrimia ao valer-se da língua portuguesa quanto pelas ideias que defendia, enfrentando preconceitos de então, justificando outros. Combateu a escravidão indígena no Brasil, enfrentou a feroz Inquisição portuguesa por quem foi implacavelmente perseguido, defendeu os judeus e o que considerava dinamismo do capital que eles podiam aportar em Portugal. Gostava da Corte, envolveu-se na política e na diplomacia, foi intransigente defensor da escravidão dos negros, contra qualquer negociação com o Quilombo dos Palmares, propôs que a Coroa portuguesa entregasse Pernambuco aos holandeses e chegou a enveredar pelos caminhos da profecia, um dos motivos pelos quais foi perseguido pela Inquisição. (mais…)

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