Wadih Damous: Justiça aos pescadores

Rio –  As autoridades de segurança pública do Estado do Rio devem à sociedade, e especialmente a quase dois mil pescadores que tiram seu sustento das águas da Baía de Guanabara, resposta urgente e responsabilização para os assassinatos e ameaças que aterrorizam esses sofridos trabalhadores desde que passaram a denunciar riscos ao meio ambiente e à sua sobrevivência decorrentes da construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, megaprojeto em Itaboraí que afeta sete municípios no entorno.

Há dias, os corpos de dois dos líderes da Associação dos Homens do Mar foram encontrados perto de seus barcos, amarrados. Para os companheiros, mais um recado dos assassinos para que calem os protestos. Há três anos, o primeiro pescador foi morto com tiros no rosto, depois de espancado na frente da família. E após ele, outro. E até hoje nenhuma das quatro mortes foi esclarecida. Enquanto os pescadores apontam segurança clandestina de empreiteiras, além de milícias, como autores dos crimes, a polícia os atribui a uma disputa por territórios de pesca.

O fato é que, pelo menos até agora, as denúncias dos homens do mar parecem estar sendo levadas mais a sério pelas entidades da sociedade civil que, junto com a OAB/RJ, se reuniram para cobrar investigação e proteção efetiva dos trabalhadores. Eles não querem enterrar mais alguém que teve a coragem de se insurgir contra interesses econômicos poderosos que podem lhes tirar a comida de mesa e acabar com a pesca artesanal.

E nós estamos ao lado deles, contra a barbárie e pela justiça. Exigimos a pronta apuração do que aconteceu, em quais circunstâncias e quem foram os autores desses crimes. Estamos dizendo não à impunidade.

Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro

http://odia.ig.com.br/portal/opiniao/wadih-damous-justi%C3%A7a-aos-pescadores-1.459593

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