Tortura refratária

Conhecer o passado é fundamental para compreendermos o presente e não cometermos os mesmos erros pretéritos no futuro 

Robson Sávio Reis Souza*

Uma série de reportagens publicadas pelo Estado de Minas e Correio Braziliense expôs para o Brasil e o mundo as torturas contra a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, durante a ditadura militar, em Minas Gerais. Recuperar a memória histórica da violência institucional sofrida por ela se constitui, simbólica e objetivamente, como importante causa para descortinarmos o passado, ainda mais em tempo de Comissão da Verdade. As matérias confirmam que Minas foi um importante centro da repressão política no período de exceção. A farta documentação que foi reunida pela Comissão Estadual de Indenização às Vítimas de Tortura, ao longo dos últimos 10 anos, poderá trazer novas luzes para uma melhor compreensão desse período.

Para além da exposição jornalística – que se estendeu por uma semana, envolvendo vários veículos de comunicação –, resta ainda, sob o ponto de vista político e histórico, destacarmos pelo menos três questões fundamentais. Em primeiro lugar trata-se da extensão da prática da tortura. Ao contrário do que comumente é conhecido, o regime ditatorial foi muito mais amplo do que se imagina. Ou seja, além de militantes de movimentos, partidos e sindicatos, a máquina política da repressão conseguiu atingir um número muito maior de ativistas que continuam anônimos, mas que foram vítimas de todo tipo de perseguição e sevícias. A partir de dados e informações dos militantes e instituições de direitos humanos de Minas, a comissão, em 2000, previa a recepção de cerca de 200 a 300 pedidos de indenização. Esse número já supera a casa de um milhar. Ou seja, centenas de pessoas, pelo interior do estado e, portanto, do Brasil, foram vítimas do regime de exceção. Isso deve pôr em evidência uma série de novos atores que precisam ser reconhecidos e cujas histórias merecem ser ouvidas e contadas. (mais…)

Ler Mais

Aumenta número de jovens presos em Minas

"É uma coisa que a gente nunca imagina que vai acontecer, uma dor grande", *Paula, mãe de rapaz preso aos 18 anos

Entre 2008 e 2012, número de detentos entre 18 e 25 anos nos presídios de Minas Gerais registrou crescimento de 162%

Guilherme Paranaiba

A auxiliar de serviços gerais Paula (nome fictício), de 36 anos, nunca imaginou que o tráfico de drogas, crime cujo crescimento explodiu no país nos últimos anos, interferiria no futuro de sua família. Mas há seis meses veio o golpe. Aos 18 anos, o mais velho de seus quatro filhos foi preso em flagrante vendendo pedras de crack em um aglomerado da Região Oeste de BH e desde então está detido à espera de julgamento. O caso do rapaz é o retrato do aumento expressivo do número de presos entre 18 e 25 anos nas unidades prisionais de Minas Gerais nos últimos quatro anos.

No fim de 2008, quando pouco mais de 30 mil pessoas estavam detidas sob a tutela do estado, 6,2 mil tinham entre 18 e 25 anos. Hoje, entre os 43 mil homens e mulheres privados de liberdade, 16,3 mil têm entre 18 e 25 anos, o que representa um aumento de 162% no número de presos desta faixa etária. Se em 2008 o percentual de detentos até 25 anos representava 20,4% do total, levantamento concluído em 5 de junho mostra que esse índice subiu para 37,7%. A única coisa que não mudou entre 2008 e 2012, de acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), é a razão pela qual as pessoas são presas: o tráfico de drogas continua sendo o crime que mais leva à cadeia, seja de forma provisória ou definitiva. (mais…)

Ler Mais

Derramamento de petróleo: Pernambuco está preparado?

Por Heitor Scalambrini Costa*

Em recente estudo divulgado pelo Instituto Ilos (RJ), que tem como uma de suas atividades soluções em logística foi apresentada uma metodologia que permite quantificar o valor monetário de “limpar” (?) o meio ambiente em caso de derramamento de petróleo no Brasil. O modelo calcula, sob a visão empresarial, apenas as despesas com a limpeza do óleo cru, sem levar em conta as multas aplicadas pelos órgãos de proteção ambiental, os gastos referentes à recuperação da fauna e flora, e outros custos financeiros decorrentes do derramamento e de seus impactos.

Esta tentativa de mensurar pode ser relevante para avaliar o risco ambiental no caso de um desastre provocado pelo derramamento de óleo, e se ter base técnica para o estabelecimento de indenizações aos diferentes tipos de impactos causados. O valor encontrado para a área do pré-sal utilizando a técnica de dispersão do óleo característico da região foi de US$ 56,86 para cada barril (159 litros) derramado. O próprio estudo aponta que se o vazamento for próximo da costa, este valor pode quadruplicar, chegando a US$ 227,44, inferior ao encontrado para os EUA que é de US$ 260,24 e superior ao barril derramado na Europa que é de US$ 109, 77.

No caso particular de Pernambuco, onde se encontra em construção o Complexo Industrial Portuário de Suape o receio de um vazamento/derramamento é plenamente justificável, e motivo real de preocupação. Neste território de 13.500 ha vai se concentrar inúmeras atividades industriais que utilizarão como matéria prima o petróleo e derivados, além de atividades portuárias de carga e descarga do referido material. Ali já se encontra em construção uma refinaria que receberá petróleo e terá capacidade de produzir 200.000 barris de óleo diesel e insumos diversos para a indústria petroquímica que está se instalando na região, um parque de termelétricas consumindo óleo combustível e gás natural, além de estaleiros, entre outras indústrias. (mais…)

Ler Mais

Seminário discute educação e tecnologia na Amazônia

Especialistas vão apresentar medidas para ampliar a produção de conhecimento sobre a Amazônia

Agência Câmara

Três comissões da Câmara promovem hoje o seminário “Educação, Ciência e Tecnologia na Amazônia”. Diversos especialistas foram convidados para fazer um diagnóstico sobre o tema e apresentar sugestões para ampliar a produção de conhecimento sobre a Amazônia e sua aplicação no desenvolvimento sustentável da região.

“Nosso país não tem hoje capacidade autônoma para o conhecimento de sua diversidade biológica”, disse o deputado Sibá Machado (PT-AC), que sugeriu o debate.

Para o deputado, é necessário avaliar as dificuldades do ensino, da produção e da difusão de conhecimento e de tecnologias na Amazônia e apontar as medidas para superá-las. “A importância da educação, da produção e da difusão de ciência e tecnologia é tão óbvia quanto o reconhecimento da importância estratégica da Amazônia para o País.” (mais…)

Ler Mais

Mudança no Código penal abre porta ao racismo

Congresso Nacional. O principal ponto de divergência é o entendimento do conceito de princípio da insignificância

Grasielle Castro

O crime de racismo, hoje inafiançável e imprescritível, pode perder status e deixar de ser punido se forem aprovadas integralmente as propostas para a nova redação do Código Penal Brasileiro, elaboradas no Congresso Nacional. Para tentar evitar que isso aconteça, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial criou nessa terça-feira um grupo de trabalho que vai acompanhar as sugestões do Congresso Nacional. O principal ponto de divergência é o entendimento do conceito de princípio da insignificância, que consta tanto no anteprojeto elaborado pela Comissão de Juristas no Senado quanto no relatório de reforma do código da Subcomissão de Crimes e Penas, da Câmara dos Deputados, entregue ontem.

No entendimento do grupo de trabalho, o mecanismo que pode fazer com que uma pessoa que furtou um pacote de biscoito não vá parar atrás das grades pode fazer com que alguém que insultou ou cerceou direitos do outro por racismo não responda pelo crime. O advogado e ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos de São Paulo Hédio Silva acredita que esse entendimento abre uma porta larga para quem entende que o racismo não tem importância. (mais…)

Ler Mais

CE – Caso Zé Maria do Tomé: MPE denuncia acusados, inclusive o empresário apontado como o mandante do assassinato

A 1ª Vara de Justiça em Limoeiro do Norte recebeu na terça-feira (26) denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual contra os acusados do homicídio do ativista ambiental José Maria Filho. O Zé do Tomé, como era conhecido, foi morto com 19 tiros no dia 21 de abril de 2010.

São acusados pela morte do ambientalista: João Teixeira Júnior, empresário do ramo de fruticultura; José Aldair Gomes Costa, gerente da empresa de João Teixeira, além de Antônio Wellington Ferreira Lima e Francisco Marcos Lima Barros, moradores da região que, segundo a denúncia, teriam dado apoio ao crime.

O MPE pediu a prisão cautelar dos acusados, mas o pedido foi negado. A promotoria vai recorrer ao Tribunal de Justiça do Ceará.

As investigações apontaram, por meio de exames de balística, que os tiros que mataram Zé do Tomé partiram da arma do pistoleiro Westilly Hitler, morto há três meses por um policial. (mais…)

Ler Mais

VI Curso de atualização: “A Teoria e as Questões Políticas da Diáspora Africana nas Américas”, na UERJ

VI Curso de atualização: “A Teoria e as Questões Políticas da Diáspora Africana nas Américas”, cujo tema é: “Ação afirmativa para a população negra: direito e resistência na construção de políticas públicas de promoção da igualdade racial”.

Com Dora Bertúlio – UFPR, Alexandre Nascimento – FAETEC, Magali da Silva Almeida – UERJ e o Debatedor será João Vargas da Universidade do Texas.

Esta é uma das atividades de greve da UERJ. É de extrema importância a ampla participação de todos e todas.

Equipe de Coordenação do Curso

VI Curso de atualização: “A Teoria e as Questões Políticas da Diáspora Africana nas Américas”

Ler Mais

Mortes intrigam pescadores artesanais de Magé

O pescador Alexandre Anderson de Souza: “Todos estão chocados” Rafael Andrade / O Globo

Ativistas ambientais denunciam aumento do número de homens armados na Baía de Guanabara

Emanuel Alencar

RIO – Conflitos por territórios de pesca podem estar por trás dos assassinatos de dois pescadores, na madrugada de sábado, na Baía de Guanabara. A linha de investigação preliminar da polícia associa os homicídios de João Luiz Telles Penetra, de 40 anos, e Almir Nogueira de Amorim, de 45 anos, a uma briga num “curral”, armadilha para peixes feita com varetas de madeira. As mortes — um dia após o encerramento da Rio+20 — vêm intrigando pescadores artesanais de Magé, que denunciam o aumento de homens armados navegando pela baía. A pedido da chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, as investigações do caso ficarão sob a responsabilidade da Divisão de Homicídios (DH) da capital. Até quarta-feira, o caso estava na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. (mais…)

Ler Mais

Marcha indígena contra estrada na Amazônia chega a La Paz

Marcha indígena contra estrada na Amazônia chega a La Paz

Uma marcha de indígenas que se opõem à construção de uma estrada através de uma reserva natural da Amazônia boliviana chegou nesta quarta-feira a La Paz, em um último percurso de 12 km que marca o protesto contra o projeto viário financiado pelo BNDES.

“Estamos chegando a La Paz com uma demanda justa”, depois de caminhar 600 km durante dois meses saindo a Amazônia, declarou Adolfo Chávez, um dos líderes da caminhada à AFP. (mais…)

Ler Mais

Coca-Cola no Brasil tem 66 vezes mais chances de causar câncer

Coca-Cola e sua rival PepsiCo tiveram que alterar a composição do corante caramelo devido a risco de câncer. Mudanças foram anunciadas em março

De acordo com estudo, refrigerante vendido no país é o mais ‘contaminado’. Coca-Cola repetiu que o corante usado em todos os seus produtos é seguro

Fernanda Borges

Um estudo divulgado nessa terça-feira pelo Center for Science in the Public Interest (CSPI), uma organização norte-americana da área de nutrição e segurança alimentar, voltou a colocar a Coca-Cola na berlinda. O estudo mostrou que o refrigerante fabricado no Brasil tem 66 vezes mais substância suspeita de ser cancerígena do que a bebida nos Estados Unidos.

Além do Brasil, a entidade também mostrou que o refrigerante vendido em nove países, pode provocar câncer, devido à presença “alarmante” da substância 4-MEI, um subproduto do chamado caramelo 4, que dá a pigmentação às bebidas. A substância foi incluída em uma lista de agentes cancerígenos depois que pesquisa do Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos indicou a conexão entre o 4-MEI e o desenvolvimento de câncer em ratos. (mais…)

Ler Mais