Conhecer o passado é fundamental para compreendermos o presente e não cometermos os mesmos erros pretéritos no futuro
Robson Sávio Reis Souza*
Uma série de reportagens publicadas pelo Estado de Minas e Correio Braziliense expôs para o Brasil e o mundo as torturas contra a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, durante a ditadura militar, em Minas Gerais. Recuperar a memória histórica da violência institucional sofrida por ela se constitui, simbólica e objetivamente, como importante causa para descortinarmos o passado, ainda mais em tempo de Comissão da Verdade. As matérias confirmam que Minas foi um importante centro da repressão política no período de exceção. A farta documentação que foi reunida pela Comissão Estadual de Indenização às Vítimas de Tortura, ao longo dos últimos 10 anos, poderá trazer novas luzes para uma melhor compreensão desse período.
Para além da exposição jornalística – que se estendeu por uma semana, envolvendo vários veículos de comunicação –, resta ainda, sob o ponto de vista político e histórico, destacarmos pelo menos três questões fundamentais. Em primeiro lugar trata-se da extensão da prática da tortura. Ao contrário do que comumente é conhecido, o regime ditatorial foi muito mais amplo do que se imagina. Ou seja, além de militantes de movimentos, partidos e sindicatos, a máquina política da repressão conseguiu atingir um número muito maior de ativistas que continuam anônimos, mas que foram vítimas de todo tipo de perseguição e sevícias. A partir de dados e informações dos militantes e instituições de direitos humanos de Minas, a comissão, em 2000, previa a recepção de cerca de 200 a 300 pedidos de indenização. Esse número já supera a casa de um milhar. Ou seja, centenas de pessoas, pelo interior do estado e, portanto, do Brasil, foram vítimas do regime de exceção. Isso deve pôr em evidência uma série de novos atores que precisam ser reconhecidos e cujas histórias merecem ser ouvidas e contadas. (mais…)