Uma vez, indagado sobre sua identificação ao judaísmo, Freud respondeu que se não existisse anti- semitismo, não faria questão nem de circuncidar os próprios filhos; mas diante do preconceito, não tinha outra opção senão a de se afirmar como judeu. Talvez se possa interpretar desta forma a convocação dos Racionais a uma “atitude” que sustente o amor próprio entre os negros contra o sentimento de inferioridade produzido pela discriminação, o que passa pela afirmação da raça – este significante tão duvidoso, que produz discriminação ao mesmo tempo que indica a diferença. [destaque deste Blog. TP]
Função do pai, invenções dos manos
Os “cinqüenta mil manos” produzem um apoio – mas onde está um pai? Qual o significante capaz de abrigar uma lei, uma interdição ao gozo, quando a única compensação é o direito de continuar, “contrariando as estatísticas”, a lutar pela sobrevivência? Surpreendentemente, Mano Brown “usa” Deus para fazer esta função. Embora em nenhum momento fale em nome de igreja nenhuma, Deus é lembrado – mas para quê? “Irmão, o demônio fode tudo ao seu redor/ pelo rádio, jornal, revista e outdoor/ Te oferece dinheiro, conversa com calma/contamina seu caráter, rouba sua alma/ depois te joga na merda sozinho,/ transforma um preto tipo A num neguinho./ Minha palavra alivia sua dor,/ ilumina minha alma, louvado seja o meu Senhor/ que não deixa o mano aqui desandar,/ ah, nem sentar o dedo em nenhum pilantra./ Mas que nenhum filho da puta ignore a minha lei:/ Racionais, capítulo 4, versículo 3”. (mais…)
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