Thamyra Thâmara
Nessa semana, o primeiro dia do Tour Rio+Tóxico foi em direção a Thyssenkrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), instalada na região de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, que desde 2010 reside na região trazendo danos ambientais para o local e para a saúde dos moradores. “O pior índice de desenvolvimento humano está em Santa Cruz, muitos analfabetos, maioria pobre e negra. Isso é verdadeiramente um racismo ambiental. No qual, os impactos ambientais são sempre deixados nas regiões periféricas da cidade”, declara Sandra Quintela, socioeconomista do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul Pacs.
O Tour organizado pela Justiça Global, Pacs, Fase, em parceira com ‘O Mais Democracia’, entre outros, se concentrou na Avenida República Chile, Centro, em frente ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para partida, a escolha de encontrar os participantes do Tour nesse ponto não foi a toa. A ideia era levantar questionamentos sobre a atuação do banco no Brasil “O BNDES é um banco 100% estatal, vive do dinheiro público e em vez de atuar em benefício de toda a sociedade brasileira, serve apenas ao uma pequena parcela da população, ou seja, empresas privadas.”, aponta Gabriel Strautman, pesquisador da Justiça Global.
Chegando em Santa Cruz visitamos a Siderúrgica CSA, localizada na Avenida João 23, que estava com a entrada reforçada com segurança privada. Ao redor da CSA existe ruas, casas, e muitas famílias, que sofrem diariamente com a “chuva de prata”, resíduos sólidos liberados no ar pela industria.
“Minha mãe quase não consegue dormir por causa da tosse. Ela tem alergia a esses resíduos. Eu estou com caroços pelo corpo e alergia nas mãos por cauda do material tóxico transmitido no ar”, queixou-se Telma, moradora de Santa Cruz.
Passamos a tarde escutando depoimento de moradores, que sofrem com problemas respiratório e no pulmão, desde a instalação da fábrica.
“A gente vai se consultar na UPA e nos hospitais locais, chegando lá os médicos contam, que não podem dar o laudo da causa da doença. A CSA está ameaçando eles”, conta Rosimere, que indignada pedia ajuda.
Além dos casos de doenças, a morte dos peixes da Baía de Sepetiba fez parte do debate. Segundo os pescadores, a Baía possuía um criadouro de peixes e hoje não tem mais nada devido a Siderúrgica, que se mudou para o bairro sem consentimento dos moradores e pescadores, que perderam seus empregos. “Que empregos eles criaram? Poucos moradores trabalham nessa indústria. O que eu vejo é mais de 8mil pescadores sem emprego!”, critica senhor Oséias, 80 anos, que desde criança mora na comunidade.
Desenvolvimento para que? E para quem? Enquanto o debate do Rio + 20, fica preso no embate sobre quem vai assinar ou não o acordo climático, casos concretos como esse no país fica maquiado pela tal da economia verdade, que nada mais é que o ‘capitalismo verde’.
Durante a visita senti fortes dores de cabeça e na fronte devido ao ar pesado e cinzento aos arredores da TKCSA.
http://www.espocc.org.br/blog/rio-maravilha-para-quem/