Movimentos sociais e academia debatem saúde e ambiente

Sentados em círculo, num debate direto e horizontal, líderes de movimentos sociais, pesquisadores e representantes do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS) discutiram por três horas as conexões entre saúde, ambiente e sustentabilidade, como também as perspectivas para a Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente – Rio+20 – e para a Cúpula dos Povos, eventos que ocorrerão em junho próximo no Rio de Janeiro.

A roda de conversa, que aconteceu em Porto Alegre em 26 de janeiro, durante o Fórum Social Temático, no Espaço de Saúde e Cultura Frida Khalo, foi pensada pelo escritório Fiocruz Rio+20, que organiza as atividades da Fundação Oswaldo Cruz para a conferência, com a finalidade de dar subsídios a um documento que será lançado em seminário no mês de abril.

“O objetivo foi promover o diálogo entre pesquisadores que trabalham na interface saúde e ambiente, com movimentos sociais e organizações da sociedade civil para entender que problemas afetam as populações e que devem ser levantados em busca de soluções efetivas”, afirma Francisco Netto, representante da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde e do escritório para a Rio+20 da Fiocruz.

Muitos debatedores teceram críticas à chamada “economia verde”, conceito que vem norteando os preparativos para a Rio+20, e que, segundo eles, não questiona a essência do atual modelo predatório de desenvolvimento, que seria uma tentativa de dar uma roupagem verde ao capitalismo – sistema no qual os interesses econômicos dos grandes empreendimentos prevalecem, em detrimento da saúde do ambiente e das pessoas, comprometendo a qualidade de vida.

Também foram alvo de críticas os documentos da ONU e do governo brasileiro para a Rio+20 que não tratam adequadamente da questão da saúde. Preocupado com a ausência da saúde como tema prioritário para a ONU na conferência, Carlos Corvalan, representante da Opas no Brasil, ressaltou que a Organização está trazendo instrumentos para garantir a presença do tema na Rio+20. “Muito aconteceu entre 1992 e hoje. Nunca se relacionou mudanças climáticas e saúde. A saúde não pode perder a importância que tem”, enfatizou.

Segundo Corvalan, no Brasil, o setor saúde está muito bem mobilizado, e o Ministério da Saúde vem acompanhando esse esforço. Mas, para os 100 chefes de estado que virão à conferência, a saúde não está sendo levada em consideração.

“Os movimentos tem de fazer mobilização no Brasil, mas deve haver um grupo para ir a um nível mais alto, dos representantes dos países, para que as ideias não se percam. Quando falamos de saúde não podemos ser exclusivistas, temos de falar para todos os grupos. Temos de concentrar as energias para a Rio+20, porque depois só daqui a dez anos”, concluiu.

Os argumentos colocados pelos participantes do debate serão compilados e levados em consideração na construção do documento da Fiocruz.

http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/noticia/index.php?id=29266

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