Canudos é aqui, entre Salvador e Simões Filho, na Baía de Aratu. Este filme mostra que a Marinha do Brasil deflagrou nesta região guerra a um grupo de famílias negras descendentes de escravos que vivem ali desde antes da chegada dos militares. Hoje constituem mais de 50 famílias reconhecida pela Fundação Cultural Palmares como remanescentes de quilombo, embora muitas tenham se deixado expulsar.
Entre os moradores há pessoas com mais de 100 anos que nasceram no mesmo local onde vivem até hoje. Só que agora, sob regime de tensão e violência, aterrorizados: garantem que passam a noite acordados com medo de morrer (soldados passeiam a noite toda pelas suas roças) e têm medo de sair, pois quando voltar poderão encontrar a casa derrubada.
O acesso à comunidade é controlado pelo portão de entrada da Vila Militar, um condomínio de residências de sub-oficiais da Marinha; e os conflitos vêm, sobretudo, com a construção desta Vila, a partir de 1971. As famílias da área foram removidas e desalojadas. Hoje estão proibidas de plantar e sendo expulsas. O filme denuncia flagrantes desrespeitos aos direitos humanos fundamentais.