Ativista da igualdade racial denuncia racismo na abordagem por parte de policial militar no centro de eventos do pantanal em Cuiabá

O irmão do maior ativista na luta pela igualdade racial, contra a pedofilia e tráfico de pessoas em Mato Grosso, João Batista, denunciou que na noite de sexta-feira, na Cidade Encantada montada no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, seu irmão sofreu discriminação racial porte de um policial militar. Ele destacou que o parlamentar  estava acompanhado da esposa, filho e quatro sobrinhos: “o meu irmão foi vítima de preconceito”, lamentou.

Revoltado, ele perguntou se o racismo é uma das marcas da corporação. “É preciso dar ênfase ao respeito à dignidade humana dos negros nas abordagens, destacou João Batista. Quero afirmar a que condição racial do meu irmão Toninho do Glória foi determinante para a abordagem, pelo tal fato. Eu quero repudiar, eu quero repelir, e quero uma ação enérgica a respeito dessa questão. Quero saber do Comandante-Geral, Coronel PM Osmar Lino Farias, do Comandante geral adjunto, Coronel PM Jorge Catarino de Moraes Ribeiro, e do comandante que está comandando os policias no centro de eventos do pantanal qual a instrução passada aos policias. Porque o que deu para perceber, foi que, havendo um negro perto de um branco, o branco passa e não acontece nada, mas o negro é humilhado na frente de mais de 300 pessoas e ainda mais na frente das crianças que o acompanhavam. Com a pessoa branca isso não aconteceu. O que é isso?”, desabafou João Batista.

“No local tinha cerca de 300 pessoas, e o meu irmão, vereador Toninho do Glória,  estava passeando com as crianças, quando for abordado por um policial militar que perguntou se poderia revistá-lo. Humildemente, o ativista disse que não teria nenhum problema. Um segurança que estava no local reconheceu-o e disse ao policial que se tratava de uma pessoa do bem, porém o policial nem se importou e na frente de todos mandou o vereador levantar a camisa. Na frente de 300 pessoas! Isso não aconteceu com mais ninguém; somente com meu irmão Toninho do Gloria. Meu irmão fez tudo o que o humilhantemente o policial pediu, sem nenhuma reação contrária. Humildemente, o Toninho do Glória levantou a camisa. Não contente ainda, o policial militar truculento, na frente das pessoas – na frente de seu filho e ainda de quatro sobrinhos – mandou o vereador colocar a mão na cabeça. Um dos sobrinhos perguntou ‘Tio por que está acontecendo tudo isso somente com o senhor?’

O parlamentar colocou a mão na cabeça. O PM pediu o documento; foi passado. Perguntou o nome do parlamentar, e ele respondeu: Antonio José de Oliveira. Perguntou se tinha apelido, e ele respondeu Toninho do Gloria. Enquanto o policial truculento e racista olhava a documentação do parlamentar, ele pediu a um outro policial que ligasse a lanterna. Como resposta, recebeu um não do próprio colega de farda, que destacou: ‘esse cidadão é o Toninho do Gloria, da Várzea Grande, que tem uma grande parceria com a policia no combate ao abuso sexual, exploração e combate à pedofilia. Em seguida, o policial que se negou a praticar o ato de racismo perguntou ao colega truculento se ele já estava contente de ter feito tudo aquilo, não tendo apoio sequer do colega farda, que entendeu que o vereador e ativista estava sendo vítima de racismo.

Um assunto que vamos discutir na Câmara de Vereadores de Cuiabá e Várzea Grande é a violência cometida não somente por meliantes, como também por autoridades policiais durante abordagens. Quero destacar que falo em meu nome, João Batista. As vítimas de pessoas que, investidas da função de servidores públicos, cometem excessos, devem procurar os órgãos competentes para denunciar os abusos.

Por que o Policial Militar, quando passou por homem branco, um médico, entre outros,  não perguntou  o  nome, a profissão, aonde ia e o que ia fazer? Não mandou ninguém levantar a camisa, não mandou nenhum branco colocar a mão na cabeça? Quando  chegou  até o meu irmão, começou a abordagem humilhante e truculenta e discriminatória. Mesmo avisado por um segurança e pelo próprio colega de farda de que se tratava de uma pessoa do bem e não de um bandido, mesmo assim ele continuou de forma racista a revista no vereador,que é parceiro da policia militar no combate a exploração sexual em Várzea Grande”, lamentou.

Cultura racista

Dos negros vítimas de preconceito, 78% disseram que foram discriminados por policiais brancos. Foram ouvidas 5.003 pessoas com 16 anos ou mais em 266 municípios. As entrevistas foram feitas nas residências dos consultados, com duração média de 60 minutos.

A violência e racismo também aparecem relacionados no Mapa da Violência 2010, em que são analisados os homicídios entre 1997 e 2007. O estudo indica que um negro tem 107,6% mais chances de morrer assassinado do que uma pessoa branca.

Em S. Paulo, levantamento do Departamento Penitenciário Nacional, feito em dezembro de 2009, mostra que os negros representam 50,46% da população carcerária.

http://www.ariquemesonline.com.br/textos.asp?codigo=24704

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