Presidente alemão aborda racismo e xenofobia em discurso natalino

Cercado por convidados na residência oficial, Christian Wulff afirma que não há espaço para a xenofobia, a violência e o extremismo político na Alemanha e diz que a coesão social é fundamental para o futuro da Europa.

Numa fala em que destacou a necessidade de engajamento social e tolerância, o presidente da Alemanha, Christian Wulff, usou o tradicional discurso de Natal para pedir o fim da xenofobia e do racismo no país. O discurso será transmitido na noite deste domingo (25/12) pela televisão alemã.

Como já havia sido anunciado, Wulff não fez qualquer referência ao escândalo de empréstimos privados que tem merecido a atenção da imprensa nos últimos dias. Ele havia falado sobre o tema na quinta-feira, quando pediu desculpas por não ter divulgado antes que havia tomado um empréstimo privado para pagar a sua casa.

O discurso natalino foi gravado no Palácio Bellevue, sede oficial da presidência. Wulff estava cercado de um grupo de cidadãos que, “das mais variadas formas, contribuiram para a coesão social” e que foram convidados por ele para acompanhar o discurso. Entre os convidados estavam pessoas de origem estrangeira.

Em defesa da Europa

A coesão social continua sendo fundamental para o futuro da Alemanha e também da Europa, destacou o presidente, especialmente num momento de grandes preocupações com a crise das dívidas soberanas e com a unidade europeia.

“A Europa é nossa pátria comum e nossa preciosa herança. Ela representa os grandes valores da liberdade, dos direitos humanos e da segurança social”, afirmou Wulff.

Ele se referiu ainda à série de assassinatos cometidos por um grupo de neonazistas ao longo da última década, sublinhando que todos os cidadãos alemães têm o direito de viver em segurança.

“Ficamos todos chocados que criminosos cegos pelo racismo assassinaram de forma planejada, ao longo de muitos anos, pessoas de origem estrangeira. Nunca consideramos que isso seria possível”, disse.

Ele disse que conversas que teve com parentes das vítimas o deixaram profundamente comovido. Alguns não apenas perderam pessoas queridas como acabaram suspeitos pelos crimes. “No nosso país não há lugar para xenofobia, violência nem extremismo político.”

Boa reputação alemã

Uma sociedade tolerante, disse Wulff, também se engaja pelo bem-estar das pessoas em outras partes do mundo. “Por isso também lembramos esta noite aqueles que, bem longe de casa, se engajam pela paz, pela segurança e por condições humanas de vida, especialmente nossos soldados.”

Segundo ele, a Alemanha desfruta de uma boa reputação em outras regiões do mundo principalmente porque nenhum outro país mostra maior interesse em ajudar, seja em catástrofes naturais, seja atendendo aos pedidos de organizações humanitárias.

“No exterior, muitas pessoas me agradecem por isso. E esse agradecimento quero hoje repassar a vocês, pois podemos ter orgulho de nosso país.”

Autores: Peter Stützle / Alexandre Schossler
Revisão: Mariana Santos

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