Abaixo, transcrição de carta enviada ao Ouvidor Agrário Nacional denunciando ameaças de morte que trabalhadores vêm sofrendo em Boca do Acre.
“Boca do Acre, 07 de dezembro de 2011
Ao
Ouvidor Agrário Nacional
Senhor Doutor Gercino da Silva Filho
Excelentíssimo Senhor,
As Lideranças dos Movimentos Sociais de Boca do Acre vêm sofrendo ameaças iminentes de morte devido à luta pelas suas terras. Nos últimos anos, já foram executadas mais de 25 lideranças na Boca do Acre. Hoje, a lista é grande. Podemos citar Luzia Santos, Cosme Capistrano, entre outros. O caso urgente é dos moradores do seringal Macapá e do senhor José Everaldo Vieira Melo, 44 anos. produtor extrativista, morador do Seringal Macapá, na BR 317, km 88, Ramal do Porto Alonso, linha 02, Colônia Vale das Oliveiras, localizado no Município Boca do Acre – AM, portador do RG 240624, SSP-AC, CPF 483.835.462-20, telefone 68-99489652.
Em 2011, o senhor Everaldo foi eleito presidente da associação de produtores e produtoras rurais de agroextrativismo do seringal Macapá, quando começaram as ameaças diretas a pessoa dele de mortes. No dia 04 de novembro, estiveram em sua casa dois sujeitos à sua procura. Diante desse fato, o presidente José Everaldo Vieira Melo mandou um convite para os mesmos virem à reunião para eles conversarem. Após três dias, ele recebeu a resposta do convite, que ele “se preparasse porque se eles viessem viriam fortemente armados para a reunião, eles sabiam como resolver o problema”. Foi no momento que Everaldo descobriu que se tratava de pistoleiros e que corria risco de vida. A suspeita se confirma pois, no mesmo dia da reunião, eles foram à casa de dois moradores que também estão sendo ameaçados, quebraram tudo e colocaram cruzes nos lugares das casas.
No dia 26 de novembro de 2011, Everaldo recebeu um convite para participar de uma reunião na casa do senhor Chico Izaias, irmão de Raimundo Nonato (vulgo “Raimundo do Ibama”). O convite partiu do mesmo, e a reunião se tratava de uma emboscada em que, se o senhor Everaldo fosse, seria morto. Então, ele resolveu procurar as instituições de sua representação (CPT, CNS e STTR). Foi registrado um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Boca do Acre para denunciar as ameaças. Pedimos providência com urgência pois estamos apavorados pelas vidas que estão sob a mira desses assassinos.
Atenciosamente,
Luzia Santos Silva
CNS – Boca do Acre-AM”