Espero, ao final, não convencer em função do argumento de autoridade, mas para fazer um paralelo ao texto do colega Oswaldo Sevá e tendo aceito o “convite à polêmica”, esclareço que sou físico de formação, com 11 anos de doutorado em Ciências Atmosféricas, com publicações relevantes e atuação concreta na área. Integro o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), o que para mim é motivo de orgulho, mas também de muito trabalho, completamente voluntário. Respeito a figura de Oswaldo, que tem geralmente expressado posições com as quais concordo bastante, como é o caso do debate que ele faz sobre Belo Monte e as grandes barragens, mas terei de criticá-lo, até com dureza, sobre o que ele expressou no texto em questão.
Tenho me preocupado muito com os ataques feitos recentemente à Ciência do Clima, pois estas tem, como o próprio Oswaldo admite, construído um amálgama estranho que reúne o Tea Party, a indústria petroquímica e pessoas que parecem acreditar numa grande conspiração imperialista para, ao impedir que queimem suas reservas de combustíveis fósseis, a periferia do capitalismo se “desenvolva”, o que, com o perdão da palavra, já é per si uma visão absolutamente tacanha de “desenvolvimento”.
Mas essa não é uma questão ideológica, mesmo porque se o fosse estaria eu distante de Al Gore. É uma questão científica, pois moléculas de CO2 não têm ideologia. O que elas são dotadas, assim como outras moléculas (caso do CH4 e do próprio vapor d’água), é de uma propriedade da qual não gozam os gases majoritários em nossa atmosfera, que é a de um modo de oscilação cuja frequência coincide com a de uma região do espectro eletromagnético conhecida como infravermelho. A retenção do calor é uma consequência da presença desses gases (mesmo tão minoritários) na atmosfera terrestre. Não fosse por eles, a Terra teria temperatura média de -18 graus, em contraste com os moderados 15, para não falar do papel dos mesmos em mantê-la entre limites amenos. (mais…)
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