A corrente humana, de braços dados, que faz a linha de frente dos confrontos de rua entre cidadãos egípcios desarmados e as forças de segurança do estado, tem de enfrentar, dentre outros riscos, as granadas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia egípcia. Mas antes da paz, os manifestantes enfrentam ainda o caos criado pelas bombas de gás lacrimogêneo usadas pelas forças de segurança egípcias.
[fala a moça com máscara de papel]: Está muito difícil ficar ali, por causa desse gás. Estávamos a mais de 50 metros das bombas, há mulheres, crianças…
Esse gás parece simbolizar a violência das forças de segurança. Durante os cinco dias de combate violento entre os manifestantes e as forças policiais, os postos de emergência e os hospitais de campanha instalados na Praça Tahrir ficaram superlotados de vítimas de intoxicação por gás. Alguns não sobreviveram. Os serviços de saúde pública contabilizam sete casos de morte por asfixia. Muitos dos intoxicados respiraram o gás em pontos bem distantes dos confrontos, como essa mulher, que inalou o gás quando fazia compras numa loja, no centro da cidade.
[fala a moça com véu]: Juro que estava bem longe daqui. De repente, não conseguia respirar, fiquei sufocada. O gás entrou pelo meu nariz, pelos olhos… e desmaiei. Usarem esse veneno só fará os jovens ficarem cada vez mais furiosos. (mais…)