MS: Cimi lamenta morte de jovem indígena de Cachoeirinha

Em moção de pesar e solidariedade pela morte de Ludersvoni Pires, de 28 anos, vítima do atentado ao ônibus na aldeia Cachoeirinha, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi/MS) manifestou indignação. “Repudiamos esta omissão e descaso do Estado brasileiro, que gera, a cada dia mais e mais violência e agressão contra as vidas e os direitos constitucionais destes povos”, diz o texto.

O Cimi pede que a Polícia Federal conclua as investigações e puna os responsáveis e ao Ministério Público Federal que acompanhe o processo para dar respostas efetivas ao povo Terena de Mato Grosso do Sul.

O atentado ocorreu no dia 3 de junho de 2011, deixando quatro pessoas com queimaduras graves, internadas na Santa Casa de Campo Grande. Foi lançada uma garrafa com líquido explosivo no veículo, que transportava 30 estudantes indígenas do Ensino Médio. Os índios de Cachoeirinha lutam pela ampliação da terra que foi reconhecida como área indígena por portaria do Ministério da Justiça, em 2007. Veja o documento:

MOÇÃO DE PESAR E SOLIDARIEDADE PELO FALECIMENTO DE LURDESVONI PIRES, DO POVO TERENA DE CACHOEIRINHA.

“Não matarás o inocente nem o justo” (Ex 23,7).

O Conselho Indigenista Missionário, Regional Mato Grosso do Sul, vem publicamente manifestar o seu pesar e a sua solidariedade aos familiares de Lurdesvoni Pires, 28 anos, indígena Terena da terra indígena de Cachoeirinha, em Miranda, que faleceu na tarde de hoje vítima de graves ferimentos causados por queimaduras, após o atentado contra o ônibus escolar do povo Terena ocorrido no dia 03 de junho de 2011.

O ataque ocorreu dentro da terra indígena quando o ônibus retornava da escola para à aldeia. No ônibus estavam outros 30 alunos indígenas, que também sofreram queimaduras, bem como o motorista. A vítima encontrava-se internada na Santa Casa de Campo Grande e não resistiu aos ferimentos.

Manifestamos nossa indignação somada à dos parentes das vítimas neste momento de dor e sofrimento.

Este lamentável fato ocorre logo após a realização de uma assembléia do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu) em Dourados, onde estiveram lideranças do povo Terena de Cachoeirinha denunciando a omissão e demora na punição dos responsáveis pelo atentado, além de denunciar o Estado brasileiro por sua omissão e irresponsabilidade em não dar uma solução concreta para a demarcação de suas terras tradicionais. Realidade que motivou a agressão contra os estudantes Terena em uma verdadeira demonstração de ódio contra a vida e os direitos dos povos indígenas.

Repudiamos esta omissão e descaso do Estado brasileiro, que gera, a cada dia mais e mais violência e agressão contra as vidas e os direitos constitucionais destes povos.

Lurdesvoni é mais uma jovem vítima que teve seu futuro e sonhos interrompidos por um quadro vergonhoso e notório de violência baseada na ganancia e na impunidade tão incessantemente denunciada por diversas organizações de direitos humanos, nacionais e internacionais.

Consternados pedimos que a Polícia Federal conclua as investigações dos responsáveis pelo atentado e que os criminosos sejam processados e punidos no rigor da lei, como forma de mitigar o sofrimento das famílias das vítimas e de todo povo Terena de Mato grosso do Sul. E que o Ministério Público Federal acompanhe as investigações visando dar respostas efetivas para a comunidade Terena.

Campo Grande, MS, 23 de agosto de 2011.

Conselho Indigenista Missionário – CIMI MS

Enviado por  Neppi Ucdb para a lista da superiorindigena.

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