Assembléia da CNBB e os índios

Indígenas e missinários do Cimi em Mato Grosso do Sul manifestam alegria pela nomeação de dom Dimas Lara Barbosa para arcebispo de Campo Grande

 

Como vem acontecendo nas últimas décadas, a questão indígena foi colocada de forma contundente, em toda sua dureza e violência, pelo presidente do Cimi, dom Erwin Krautler, nesta 49ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada entre 3 e 13 de maio, em Aparecida (SP). Em seu pronunciamento, mais uma vez teve destaque a dramática situação nos Guarani Kaiowá:

“O Estado de Mato Grosso do Sul tem sido recordista em violências contra os povos indígenas. Ali as comunidades indígenas são obrigadas a viver em beira de estrada, são frequentemente expulsas de seus acampamentos, têm suas barracas e pertences queimados e seus líderes assassinados. Cerca de 50% dos assassinatos de indígenas ocorre naquele estado. De acordo com recente informação do Ministério Público Federal (MPF), na terra indígena de Dourados, constituída de três mil e seiscentos hectares, nos quais vivem, em situação de confinamento, mais de 12 mil indígenas, o índice de homicídios é 800% maior que a média nacional. Esta prática de violência contra os povos indígenas no Mato Grosso do Sul, especialmente em relação ao povo Guarani Kaiowá, não deixa de ser um genocídio.

A omissão em relação ao intenso processo de violências enfrentadas pelos Guarani Kaiowá é talvez o elemento mais significativo da falta de interesse do governo federal pelos povos indígenas. Os abusos contra este povo têm sido denunciados pelo Cimi e por outras organizações de defesa dos direitos humanos e indígenas no Brasil e em nível internacional. Entretanto, mesmo assinando um Termo de Ajustamento de Conduta, no qual a Funai se comprometeu, em 2008,  em realizar os estudos de identificação e delimitação de terras de ocupação tradicional indígena naquele estado, até o presente momento o órgão indigenista está omisso. “A demarcação das terras poderia evitar a morte de centenas de pessoas do povo Guarani Kaiowá”.

Dom Erwin em diversas ocasiões tem reafirmado que a situação dos Guarani Kaiowá é das mais graves que ele já viu em toda sua vida. Comovido por essa realidade e está cobrando providências das autoridades responsáveis, em todos os lugares por onde está passando.

 

Dom Dimas, novo arcebispo de Campo Grande

Os Guarani e seus aliados ficaram muito felizes com a nomeação do novo arcebispo de Campo Grande, dom Dimas Lara Barbosa. O então arcebispo esteve em março do ano passado em Mato Grosso do Sul, quando visitou junto com o Cimi diversos acampamentos do povo Guarani no cone Sul do estado. Naquela ocasião, juntamente com dom Erwim, pôde sentir um pouco da dor e injustiça de que são vítimas os mais de 40 mil indígenas deste povo. Nesta ocasião se comprometeu de levar essa realidade à igreja e também às esferas do governo (presidente da República, Ministro da Justiça…) e pedir providências urgentes, especialmente com relação à demarcação das terras. Também se comprometeu a dar visibilidade a essa realidade, promovendo um debate a respeito nas emissoras católicas de TV.

Dom Dimas voltou a Dourados, pouco tempo depois, para pregar durante um retiro para o clero local. Esse conhecimento da grave situação e dos conflitos existentes nessa região certamente serão parte de sua ação de pastor em Campo Grande e no regional Oeste 1 da CNBB. Isso ele manifestou em seus primeiros pronunciamentos e entrevistas à imprensa regional.

 

http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=5534&eid=352

 

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