Casal morto e mais 28 aparecem em lista de ameaçados no Pará

 Intimidações começaram quando o casal denunciou madeireiros que avançavam em sua comunidade para extrair espécies nobres de madeireira
Intimidações começaram quando o casal denunciou madeireiros que avançavam em sua comunidade para extrair espécies nobres de madeireira

Na realidade, o nome de José Cláudio constava na lista de marcados para morrer desde 2001, como aponta a coordenação nacional da CPT. O advogado José Batista, da CPT/Marabá, município próximo a Nova Ipixuna, assegura que a publicação do caderno da CPT com a relação das lideranças de trabalhadores rurais de todo o País é entregue oficialmente ao Ministério da Justiça e repassado também aos governos estaduais, onde há pessoas ameaçadas.

O caderno de 2010 foi publicado dia 18 de abril deste ano e entregue para o representante do Ministério da Justiça com pedido de proteção. Em todo o País, a CPT listou 125 ameaçados de morte por conflitos no campo em 2010. O caderno contendo os nomes dos ameaçados de morte e os locais dos conflitos, com a relação dos 30 marcados para morrer no Pará foi repassado também ao governo paraense. A relação segundo Batista é elaborada há mais de 20 anos, mas desde 2007 é oficialmente entregue aos governos federal e dos Estados. “Todos se omitiram”, denuncia o advogado da CPT.

O medo impera na reserva extrativista

O casal executado tinha um filho em comum, que fica órfão aos 15 anos. Mas, também deixa outros filhos, que tiveram de casamentos anteriores. A família chora a morte do casal e também se sente ameaçada. A irmã de Maria, Cláudia Santos, pede justiça, mas acha que vai ser difícil continuar a luta do casal ambientalista. Ela acredita que após a polícia sair da área, as ameaças poderão voltar e a vida na reserva extrativista poderá ficar cada vez mais perigosa. Irmãos e o filho dos casal ainda não sabem se permanecem no local. (mais…)

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Três revezes

O complicado do momento que vivemos é que o anti-governismo leva setores que nada têm de conservadores e reacionários a se alinhar com aquilo que representa o atraso

Marcos Coimbra

Nos últimos dias, frente a três questões importantes, o Brasil andou para trás. Em pelo menos uma, fizemos, literalmente, marcha a ré. Nas duas outras, com algum otimismo, seria possível dizer que apenas não avançamos. O que acaba sendo parecido a involuir.

Nas três, um traço comum: o Brasil arcaico derrotou o moderno. Em algum momento do futuro, nossos descendentes hão de lembrar desses revezes. Talvez com incredulidade, vão se perguntar: como foi que aconteceram?

A mais difícil de explicar é a vitória da motosserra. Importa pouco se, tecnicamente, na votação do novo Código Florestal, a maioria que aprovou a emenda que anistiava quem houvesse desmatado áreas de preservação permanente até 2008 não estivesse endossando tais comportamentos. Esse foi o recado que a Câmara dos Deputados passou. Seja dentro do país, seja internacionalmente, a decisão foi vista como derrota do ambientalismo e vitória do agronegócio predador, daquele que passa por cima das leis existentes apostando (com razão) que terá poder para reescrevê-las mais à frente. (mais…)

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Saúde divulga resultados de sífilis e HIV em população indígena

Em três anos, projeto inédito testou 45 mil índios que vivem em aldeias (representando 54,7% da população indígena do Amazonas e Roraima). Meta é levar o teste para outras comunidades indígenas

Uma pesquisa baseada no uso inédito de uma tecnologia para testagem de Sífilis e HIV permitiu rastrear a prevalência dessas doenças na população indígena do Amazonas e Roraima. Antes, os pacientes precisavam ser removidos para as áreas urbanas. Agora, em 20 minutos, na própria aldeia é obtido o resultado – a mesma tecnologia será utilizada em gestantes em todo o país, por meio da Rede Cegonha (veja abaixo).

Com o diagnóstico, foi possível o início imediato do tratamento para esses pacientes. A ação é uma parceria da secretarias Especial de Saúde Indígena (Sesai) e de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, da Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta (FUAM), da Fundação Bill & Melinda Gates e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os resultados estão sendo apresentados durante o I Encontro de Participantes do Projeto de Teste Rápido nos dias 24 e 25 de maio, em Manaus. (mais…)

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Novo Código permite desmatar mata nativa em área equivalente ao Paraná

As mudanças nas regras de preservação de mata nativa nas propriedades rurais, que constam do novo Código Florestal aprovado pela Câmara, ampliam em 22 milhões de hectares a possibilidade de desmatamento no País – o equivalente ao Estado do Paraná. O número representa as áreas de reserva legal que poderão ser desmatadas legalmente caso o texto seja aprovado no Senado e sancionado pela presidente. A reportagem é de Andrea VialliAfra Balazina e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 29-05-2011.

Os cálculos foram feitos pelo professor Gerd Sparovek, do Departamento de Solos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), com base no texto do relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) e na emenda 164, aprovados na Câmara na terça-feira. A conta leva em consideração a dispensa de recuperação da reserva legal, que é a área, dentro das propriedades rurais, que deve ser mantida com vegetação nativa e varia de 20% a 80% das terras.

O texto aprovado na Câmara agradou à bancada ruralista, mas desagradou às entidades científicas, aos ambientalistas e ao governo – a presidente disse que poderá vetar parte da proposta, que, entre outros pontos, anistia produtores rurais que desmataram até 2008 e diminui as áreas de vegetação nativa em encostas e margens de rios. Também retira a proteção de áreas sensíveis, como restingas e mangues. (mais…)

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Eles não prestaram vestibular, mas entraram na Unicamp

Alex e restante da turma em seu 1º ano na Unicamp, mesmo sem prestar vestibular

Programa de inclusão da Universidade de Campinas busca aluno que seria “desperdiçado” por estudar em escola ruim

Texto e fotos: Cinthia Rodrigues, iG São Paulo

Alex Tomás de Aquino, de 17 anos, não se inscreveu no vestibular para a Universidade de Campinas (Unicamp) no ano passado. Apesar de se destacar entre os alunos do 3º ano do ensino médio da escola estadual Álvaro Cotomacci, na mesma cidade, ele imaginava que não teria chance de conseguir uma vaga na instituição de nível superior que mais admira, concorrendo com estudantes de cursinhos e das melhores escolas do País.

A história é muito parecida com a de Talita Nicacio, Josiane dos Santos, Yasmin Almeida, Anderson Pimentel e da maioria dos alunos da primeira turma do Programa de Formação Interdisciplinar (Profis) da Unicamp, que começou este ano. Todos foram selecionados por ter o melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em comparação aos colegas que cursaram a mesma escola – e não a candidatos em geral. (mais…)

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Manifestações racistas e homofóbicas na internet podem sofrer punições legais

Mesmo sem legislação específica para crimes virtuais, internautas podem sofrer punições legais
Mesmo sem legislação específica para crimes virtuais, internautas podem sofrer punições legais

Katia Deutner, em colaboração para o UOL

Virar motivo de chacota entre os colegas, sofrer com manifestações de bullying, racismo ou homofobia na internet acontece com muito mais frequência do se imagina. “Monitoramos 3.500 veículos de comunicação e mídias sociais durante cinco dias e encontramos mais de 38 mil interações que utilizavam palavras de baixo calão para falar sobre empresas, marcas, personalidades e outros indivíduos”, comenta Elizangela Grigoletti, gerente de inteligência e marketing da MITI Inteligência, empresa paranaense que oferece serviços de monitoramento de mídias online.

Se os sites anunciam casos de intolerância na internet, nas redes sociais a repercussão é ainda maior. “No caso Bolsonaro [deputado federal Jair Bolsonaro], por exemplo, a divulgação inicial ocorreu nos veículos de massa, mas a exposição alcançou grandes proporções nas redes sociais. Nos canais de relacionamento, as pessoas acabam expressando seus pensamentos e opiniões, muitas vezes ultrapassando os limites determinados pela sociedade, cometendo atos de bullying, racismo e outras intolerâncias”, revela Elizangela.

Nas ondas da web

Mas por que tantos se sentem protegidos com o anonimato na internet? Será que o fato de estar atrás da tela do computador faz com que as feras internas se soltem? “Sim, o lado sombrio ou reprimido das pessoas se libera por causa dessa sensação e não é uma coisa tão consciente assim. A condição de navegar gera um estado alterado de consciência, fazendo com que se perca a noção de tempo e espaço. É como um devaneio, um sonhar acordado, permitindo que a fantasia venha à tona. Por isso não é raro ver pessoas com dificuldades patológicas aflorarem e darem vazão a aspectos menos nobres e criativos”, explica a psicóloga Rosa Maria Farah, diretora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática (NPPI) da PUC-SP. (mais…)

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Racismo nos tribunais

Solange Azevedo, Isto é

O número de casos de discriminação julgados no Brasil vem crescendo e a quantidade de acusados considerados inocentes também – quase 70% deles saem livres do banco dos réus

Quando criança, a cabeleireira Vera Maria da Silva ouviu baterem palmas no portão e foi atender. “Podemos falar com a dona da casa?”, perguntaram dois vendedores de livros. Momentos depois, na presença deles, a mãe de Vera quis saber se a filha havia gostado dos livros. Os rapazes estranharam o questionamento da “dona da casa”, uma mulher branca, e um deles se voltou contra Vera: “Olha, negrinha, você não tem de dar opinião. Quem decide é a sua patroa.” Aquela foi a primeira vez que a cabeleireira lembra ter sido discriminada. Não foi a única. No mês passado, aos 59 anos, Vera diz ter sido xingada de “macaca” e “negra imunda” pelo comerciante Cláudio Kubo, de Sorocaba, no interior paulista, onde mora. Kubo sugeriu, ainda, que ela montasse “num urubu” e voltasse para a África. “Cresci ouvindo essas coisas e nunca tinha tido oportunidade de tomar providências”, conta Vera. “Duas testemunhas do crime prestaram depoimento”, afirma o delegado Fábio Cafisso. Autuado por injúria racial, Kubo foi preso em flagrante. Passou 24 horas na cadeia. Ele alega inocência. (mais…)

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Assassinado no Pará outro agricultor que seria uma das testemunhas de morte de ambientalistas

Demétrio Weber

BRASÍLIA. Mais um assentado do projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna, no sudoeste do Pará, foi assassinado esta semana. O corpo foi encontrado neste sábado, na área onde morreram, na terça-feira, também vítimas de homicídio, os líderes do assentamento — o casal ambientalista José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva.

A Polícia Federal (PF), que já investigava a morte do casal por ordem da presidente Dilma Rousseff, confirmou o novo assassinato, mas não informou o nome da vítima. Segundo a assessoria de Imprensa da PF, os agentes que estiveram no local não haviam retornado a Marabá (PA) até o início da noite.

Trata-se da quarta morte de assentados e agricultores na Região Norte esta semana: na última sexta-feira, um agricultor foi morto em Vista Alegre do Abunã, em Rondônia.

O advogado da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, José Batista Afonso, disse que a vítima encontrada neste sábado é Erenilto Pereira dos Santos, 25 anos. O advogado afirmou que Erenilto seria uma das testemunhas que viram os suspeitos de matar o casal, na última terça-feira. Ele declarou, porém, que não se sabe ainda se o assentado foi morto pelas mesmas pessoas que atacaram o casal ou se um caso tem relação com o outro. (mais…)

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