A Barragem do Peão atingiu diretamente 26 famílias de camponeses. Destas, 14 estão reassentadas. As terras do reassentamento não têm as mínimas condições para a agricultura e as famílias vivem de cestas básicas há três anos.
Problemas fundiários, indenizações não pagas, crianças sem escola, famílias sem acesso à saúde e assistência social são visíveis, numa clara afronta aos direitos dos atingidos. As famílias vivem sem a mínima condição de dignidade, sem recursos para comprar alimentos e pagar as contas de luz, grande parte já cortada. Problemas de ordem ambiental, como a ausência de equipe de resgate de fauna, são identificados neste projeto. A condição de miséria das famílias reassentadas é uma das mais gritantes contradições do “modelo de desenvolvimento” ali implantado. A quem serve esse modelo?
O objetivo da barragem nunca foi claro. Se a água será usada para irrigação, perenização do Rio São João, ou abastecimento de água para as cidades próximas. Mas as evidências nos mostram que a água PODERÁ ser usada para projetos de irrigação para os latifundiários da região, e a hipótese da “obra pela obra” se mostra mais acertada, beneficiando empreiteiras, políticos, eleições, etc.
O que nos espanta é a Ruralminas, que não dá conta de reassentar 14 famílias, insistir em reassentar os atingidos pela Barragem de Berizal, onde serão mais de 600 famílias. Uma tragédia anunciada! A Ruralminas, na década de 1970 e 1980, foi uma das responsáveis que permitiu que várias empresas reflorestadoras e fazendeiros grilassem terras devolutas no Norte de Minas Gerais, causando enormes injustiças sociais.
A Barragem de Berizal também passa por um processo ambiental cheio de irregularidades, tramado pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), com amparo dos órgãos ambientais governamentais mineiros, empurrado goela abaixo da população e das organizações populares.
Mesmo com sinais claros do avanço da economia sobre os limites do planeta, o Estado continua cumprindo o dever de proporcionar o bem estar do grande capital, criando projetos absurdos, injustos e insustentáveis, de forma autoritária, como nos casos expostos na Barragem do Peão e de Berizal. É o chamado “Progresso e Desenvolvimento”. A quem serve e quem são os beneficiados por esse projetos?
Os movimentos e a população atingida exigem providências dos órgãos responsáveis.
Montes Claros (MG), quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Cáritas Arquidiocesana de Montes Claros
Telefone para Contato
(38) 8823-9253
http://peneireifuba.blogspot.com/2011/02/governo-mineiro-comete-crime-ambiental.html