40% das crianças Xavante de Campinápolis nascidas em 2010 morreram

Em Campinápolis, a 562 km de Cuiabá, na região do Médio Araguaia, a taxa de mortalidade infantil entre crianças da nação Xavante continua assustadora. Em 2010, das 200 crianças nascidas, 60 foram a óbito vítimas de doenças respiratórias, parasitárias e infecciosas decorrentes da falta de uma política eficiente de atenção básica à saúde, sob a coordenação da Funasa. Os problemas vão da falta de veículos, medicamentos e equipe técnica para atender as mais de 100 aldeias que juntas somam uma população em torno de 7 mil indígenas.

Em 2008, de acordo com dados do Datasus, disponíveis na internet, a proporção chegou a 99,45 mortes de crianças Xavante para cada 1.000 nascimentos, índice alarmante e inaceitável. A taxa de mortalidade infantil preconizada pelo Ministério da Saúde é abaixo de dois dígitos.

Vários seriam os fatores que estariam contribuindo para este triste quadro: Atualmente, a maioria das viaturas da Funasa está em manutenção (dias atrás, todas estavam paradas) resultado do desgaste por conta das péssimas condições das estradas vicinais; os recursos humanos seriam insuficientes (inclusive não há como cobrir a ausência de funcionários por férias ou licença médica); além da alta rotatividade de funcionários.

Os próprios funcionários da Funasa e Funai reconhecem que está praticamente impossível desenvolver as ações de saúde preconizadas pelo Ministério da Saúde.

O quadro torna-se ainda mais dramático por causa da falta de medicamentos de uso contínuo (hipertensão, diabetes, pênfigo), falta de refrigeradores para armazenamento de vacinas e insulina e falta de assistência médica especializada como para os casos do programa Hiperdia e tratamento de pênfigo.

Os pacientes que necessitam de assistência hospitalar têm como primeira referência a Casa de Saúde do Índio (CASAI), que fica em Campinápolis. Quando o problema não é resolvido no CASAI, o paciente é encaminhado para um dos hospitais de referência do SUS na região, a exemplo do Hospital Regional de Água Boa, Hospital Municipal de Nova Xavantina e Hospital Regional de Barra do Garças. Todos já saturados devido a alta demanda de índios e não índios, já que muitos municípios não possuem hospitais.

Muitos acabam morrendo porque já chegam no hospital com o estado de saúde bastante agravado, reflexo dos serviços deficientes de atenção básica à saúde nas aldeias. Hoje, apenas uma das quatro equipes de assistência está totalmente completa. A equipe da micro-região das Palmeiras (26 aldeias) não tem enfermeiro, apenas Agentes Indígenas de Saúde (AIS). A região de Campinas (33 aldeias), também está sem enfermeiro, tem 02 técnicos de enfermagem e 09 AIS. A micro-região da Aldeona (33 aldeias) tem enfermeiro e São Pedro (35 aldeias) e é a única que possui assistência à saúde bucal.

http://www.noticiasnx.com.br/2010/index.php?option=com_content&view=article&id=19908:40-das-criancas-xavante-de-campinapolis-nascidas-em-2010-morreram&catid=9:notas&Itemid=90

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.