PIB regional mais elevado não garante redução maior da pobreza, mostra Ipea

O crescimento econômico registrado no Brasil nos últimos anos não foi suficiente para elevar o padrão de vida de todos os brasileiros. De acordo com o boletim sobre pobreza e miséria, divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as regiões com maior expansão econômica não foram necessariamente as que mais reduziram a pobreza e a desigualdade. A reportagem é de Rafael Rosas e publicada pelo jornal Valor, em 14-07-2010.

Entre 1995 e 2008, a região Centro-Oeste, por exemplo, registrou o maior ritmo médio anual de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) per capita do país (5,3%), mas teve o pior desempenho na redução média anual da taxa de pobreza absoluta (-0,9%) e a segunda pior evolução na queda média da taxa de pobreza extrema (-2,3%).

A região Sul, que registrou o menor ritmo de expansão anual do PIB por habitante (2,3%), foi a região do país com o melhor desempenho em termos de redução das taxas de pobreza absoluta (-3%) e pobreza extrema (-3,7%) no mesmo período.

O estudo do Ipea, feito com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), Contas Nacionais e Contas Regionais, todas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) , mostra que entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta, configurada pelo rendimento médio domiciliar per capita de até meio salário mínimo mensal.

No período, outras 12,1 milhões deixaram a pobreza extrema, que engloba as pessoas que vivem com rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo por mês. Em termos percentuais, a taxa de pobreza absoluta passou de 43,4% para 28,8% da população e a pobreza extrema caiu de 20,9% para 10,5%.

O Ipea crê que o Brasil poderá eliminar, nos próximos dez anos, os problemas de pobreza absoluta e extrema. “Para isso, a combinação do crescimento econômico com avanços sociais observada no período recente precisa ser aprofundada, com o necessário aperfeiçoamento de políticas públicas de alcance nacional, sobretudo daquelas voltadas ao atendimento das regiões e Estados menos desenvolvidos”, diz o texto do Ipea.

Segundo o órgão, “ganha maior relevância o papel do Estado – em suas distintas esferas governamentais e concomitantemente às instituições da sociedade civil – na execução de uma política nacional de desenvolvimento que possibilite ao país enfrentar todos os problemas de ordem social”.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=34314

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