Os índios são hoje sujeitos sociais do presente e da modernidade e nos últimos 20 anos cresceram em quatidade e também em números que integram a sociedade nacional. Porém, mesmo com o crescimento, os povos ainda têm sofrido com a demarcação de terras e vivem em constante ameaça. “Hoje o que menos se cartografa de maneira evidente são as terras indígenas. Os municípios incluem essas áreas em seus mapas politicos municipais e escondem assim essa volupia e essa vontade que os não-índios têm de se apropriar dos territórios indígenas.”, constata o professor.
Umbelino cita como tentativa de apropriação o caso Raposa Serra do Sol, ocorrido em Roraima, onde os índios foram obrigados a brigar pela demarcação de suas próprias terras. “Isso foi um absurdo já que pela legislação brasileira quem primeiro tem direito a terra são os povos indígenas”, na sequencia o professor enumera os afro-descendentes, o meio ambiente e os demais brasileiros.
Para os índios, as demarcações de fronteiras feitas pelos não-índios pouco importam. Os Jaminauás, por exemplo, vivem em sua maior parte na Bolívia e para eles os países que formam a América do Sul não têm significado algum. O significado está no território que o povo ocupa.
A situação dos povos indígenas não parece ter perspectiva de melhora já que o presidente Lula irá validar grilagens de até 1500 hectares até o final de seu mandato. Resta esperar para ver qual será o próximo caso Raposa Serra do Sol que os índios terão pela frente.
Camile Liguori é aluna do curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Esta reportagem integra o Projeto Repórter do Futuro, no módulo Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter.
EcoDebate, 23/06/2010
http://www.ecodebate.com.br/2010/06/23/ha-um-eterno-processo-de-disputa-pelo-territorio-brasileiro-entre-as-elites-os-povos-indigenas-e-os-afro-descendentes-afirma-especialista/