Karol Assunção *
Adital –
Feministas de várias partes do Brasil estão reunidas, desde ontem (16), em Pernambuco, no Seminário Nacional “Justiça socioambiental e desenvolvimento: reflexões a partir do feminismo anti-racista”. O evento, organizado pelo SOS Coprpo Instituto Feminista para a Democracia e pela Articulação de Mulheres Brasileira (AMB), continua até amanhã (18) no Hotel Sete Colinas, em Olinda (PE).
De acordo com Beth Ferreira, integrante da secretaria nacional da AMB, o seminário é o momento para discutir sobre o modelo de desenvolvimento no Brasil e o papel do Estado nessas ações. “Queremos refletir se o modelo aprofunda ou não a desigualdade entre homens e mulheres, negros e brancos bastante presente no país”, afirma.
O olhar mais atencioso para as mulheres e as populações negras não é por acaso. Isso porque, para Beth, o modelo de desenvolvimento é desigual desde “sua gestação”, deixando de lado principalmente esses setores da sociedade. “Se pararmos para pensar, vamos ver que desde a colonização o modelo é baseado na exploração da natureza, de negros e indígenas como povos inferiores”, comenta.
Visão que, na opinião dela, não foi muito diferente para as mulheres. “Em uma sociedade patriarcal, as mulheres também são consideradas inferiores aos homens”, lembra. E, para Beth, o modelo desenvolvimentista implementado pelo governo brasileiro não contribui para uma mudança nesse quadro. “Hoje a situação não mudou muito. A construção de hidrelétricas e as transposições de águas, por exemplo, geram impactos sobre os negros, os indígenas, os ribeirinhos”, ressalta.
Por conta disso, a integrante da AMB destaca a importância das lutas feministas para a justiça socioambiental. Segundo ela, a ideia é que as alternativas a esse modelo de desenvolvimento sejam a partir da proposta do Bem Viver desenvolvida pelos povos indígenas. Ou seja, baseada em uma relação de equilíbrio e harmonia com a natureza e com as pessoas.
De acordo com Beth, o desafio agora é articular as diversas organizações feministas para fortalecer a luta contra os projetos de desenvolvimento e promover a busca por modelos alternativos. “Amanhã nós vamos construir uma frente de luta das mulheres por justiça socioambiental”, afirma, acrescentando que tal frente será composta não somente pela AMB, mas também por organizações que lutam em outros campos, como povos quilombolas, indígenas e movimentos rurais e urbanos.
Lançamentos
Além das discussões sobre os projetos de desenvolvimento governamentais e as alternativas a esse modelo, o seminário contou com o lançamento de produções sobre a questão de justiça socioambiental. Na manhã de hoje (17), o SOS Corpo lançou o vídeo “Sebastianas”, documentário que mostra o trabalho e a luta de mulheres por seus direitos e por justiça socioambiental; a série de programas de rádio “Ação Mulher: Justiça Socioambiental no campo e na cidade”; e o livro “Mulheres, Trabalho e Justiça Socioambiental”.
Mais informações sobre as produções e como adquiri-las estãos disponíveis no site do SOS Corpo: www.soscorpo.org.br
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=48674