Traidor e traidora do povo negro, da nossa história e da nossa condição humana no Brasil racista, é o ex-ministro Edson santos, é o atual ministro Eloi de Araújo, e cada gestor, e cada gestora da SEPPIR que participou da construção desta negociação espúria com o DEM.
Traidores e traidoras do povo negro, da nossa história e da nossa condição humana no Brasil racista, são aqueles e aquelas que deram o seu aval para a SEPPIR, CONEN e UNEGRO prosseguirem na negociação de um instrumento inócuo, durante a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em Brasília, junho de 2009, há um ano atrás.
Você estava lá? Qual foi a sua posição?
Será que se uniu àqueles e àquelas que tiveram o microfone cortado e foram ameaçados pelos seguranças contratados para proteger os traidores e as traidoras que manipulavam a mesa da II CONAPIR?
Ou será que se uniu àqueles e àquelas que entoaram o hino nacional, como se a excomungar as pessoas tentaram denunciar a “manobra traidora” que estava sendo articulada pelo governo e seus /suas asseclas negros/negras, em torno de um arremedo do Estatuto da Igualdade racial proposto originalmente?
Naquele momento, naquela oportunidade única para dizer não à flagrante traição ao povo negro, durante a II CONAPPIR, como VOCÊ se posicionou?
Louvou a “pátria mãe gentil”, que o/a cooptou, e o/a colocou num minúsculo e rídiculo “berço esplêndido” para a defesa sem trégua dos racistas?
Ou se posicionou firmemente na defesa da maioria negra que está sendo exterminada nas periferias das cidades pelo Estado racista; na defesa das comunidades quilombolas que perdem a cada dia suas terras para elite “grileira” e racista; na defesa daqueles e daquelas que estão excluídos do mercado de trabalho e da educação formal; na defesa daqueles e daquelas cuja cultura foi e está sendo demonizada pelo racismo; na defesa do povo negro, enfim?
Será que VOCÊ, escolhido/a em suas bases para representar o povo negro excluído na Conferência se lembrou dos seus representados? Ou se submeteu às determinações dos seus partidos políticos, de direita ou esquerda, que não nos reconhecem, que não reconhecem a nossa história, a nossa cultura, a nossa humanidade, e a nossa existência?
Traidores e traidoras do nossa história e da nossa condição humana no Brasil racista, são os APN’s que sempre se posicionaram à favor do “documento espúrio”, na época da Conferência e hoje, o que não nos surpreende, considerando que se mantêm vinculados a uma Instituição co-responsável pela escravidão, e responsável direta pela demonização da cultura negra e do povo negro.
Traidor da nossa história e da nossa condição humana no Brasil racista, é o jornalista Dojival Vieira, que no editorial “O RESPEITO À MAIORIA OU O RETORNO À AUTOFAGIA“, publicado no Afropress na “Sex, 10 de Julho de 2009 22:42”, atacou as lideranças e as Entidades negras que assinaram o manifesto MANIFESTO EM DEFESA DOS DIREITOS E DA AUTONOMIA POLÍTICA DA POPULAÇÃO NEGRA (abaixo), com colocações do tipo “os opositores do texto [do Estatuto] deveriam, para começar, terem dela [da Conferência] se ausentado. (…) Não resiste, portanto, à menor análise, teses conspirativas para quem ‘grileiros, gestores públicos, legisladores e empresários da comunicação, entre outros, se uniram para produzir uma proposta clandestina de Estatuto’. (…) Se o texto não é o melhor, se foi fruto de concessões na tramitação no Congresso, que o descaracterizaram – pelo menos na ótica dos seus críticos – o fato é que foi amplamente referendado pela maioria quase esmagadora dos delegados [na Conferência]”.
O mesmo jornalista, no mesmo editorial preocupou-se em defender e promover o ministro Edson Santos contra supostos ataques de lideranças e entidades do Movimento Negro. Escreveu “O que tais críticos escondem por trás de argumentos desse tipo é o ressentimento com o fato de o Ministro não ser oriundo dos quadros do Movimento Negro, o que, igualmente, não é defeito; ao contrário, pode ser virtude, se, por Movimento Negro se entender, uma certa visão sectária de um grupo reduzido que se pauta por uma Agenda defasada há pelo menos 30 anos, e que atua como uma corporação fechada e impermeável aos ventos das novas gerações de negros desejosos de mudar a agenda política do país. (…) Goste-se ou não, o ministro passou a conduzir o órgão criado no interior do Estado para tratar das políticas para a população negra, com outro padrão de preparo, o mesmo com que conduziu as negociações para se chegar ao texto [do Estatuto] submetido e aprovado pela Conferência.
Nada contra a pessoa do jornalista Dogival Vieira, e sim contra a hipocrisia e as “canetas baratas”, que pelo visto o ministro Elói se esqueceu de comprar.
(Ativista do Movimento Negro, presente na II CONAPIR)