Trabalho análogo ao escravo é maior entre negros

Três em cada quatro trabalhadores libertados de condições semelhantes a de escravidão são negros ou pardos. É o que confirmou a pesquisa do professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Paixão. O estudo foi feito a partir do cadastro desses trabalhadores no programa Bolsa Família, incluídos no benefício depois de libertados.

A constatação da pesquisa não foi recebida com surpresa pela coordenadora do Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), Maria Aparecida da Silva Bento. Segundo ela, o estudo expressa que o racismo ainda determina o tratamento dispensado para brancos e negros no Brasil.

“É uma situação impensável. O Brasil é um país que não aprende com sua própria história, que não faz sua lição de casa para uma sociedade mais democrática. Tem um grupo que sustenta este país que são trabalhadores negros. Me assusta como a sociedade ainda finge que não percebe o racismo.”

No estudo de Marcelo Paixão, 73,5% dos 40 mil trabalhadores libertados entre os anos de 2003 a 2009 declararam ser negros ou pardos. Para o pesquisador, a cor da pele não determina, mas aumenta as chances de um trabalhador se deparar com jornadas exaustivas e condições insalubres de trabalho. (mais…)

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TO: Reunião debate sobreposição do Parque Nacional do Araguaia e Terra Indígena Inawebohona

Formação do Conselho Deliberativo é o primeiro passo para definir gestão do Parque Nacional do Araguaia e Terra Indígena Inawebohona

Com a intenção de discutir assuntos relativos à gestão da área sobreposta entre o Parque Nacional do Araguaia e a Terra Indígena Inawebohona, na Ilha do Bananal, uma série de reuniões acontecem entre os dias 8 e 10 de junho, em Pium, com participação de representantes do Ministério Público Federal no Tocantins, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Fundação Nacional do Índio (Funai), Ibama, Companhia de Polícia Ambiental do Tocantins (Cipama) e das aldeias Txuodé e Waotynã. A aldeia Boto Velho, que também se encontra na área de dupla afetação, não enviou representante.

Durante o primeiro dia, coube ao chefe do Parque, Fernando Tizianel, a apresentação do Decreto que homologou o território indígena e estabeleceu a necessidade de elaboração de um plano de gestão compartilhada. Luiz Fernando Brutto, coordenador de gestão de conflitos do ICMBio em Brasília, apresentou a maneira como situações similares, onde há sobreposição entre comunidades tradicionais e unidades de conservação, estão sendo conduzidas em outros estados. O procurador Álvaro Manzano ressaltou a necessidade de envolvimento das comunidades indígenas para que possam ser obtidos resultados positivos. O cacique Walter, da aldeia Txuodé, manifestou-se afirmando que sua comunidade pretende colaborar e tem expectativas positivas deste debate.

Indígenas e representantes da Funai expuseram a necessidade de desenvolvimento de atividades produtivas e de geração de renda nas aldeias. Foi citado o processo que levaria à elaboração do acordo de pesca, idealizado para propiciar rendimentos para as comunidades, que está atualmente parado, e sugerida a realização de um zoneamento dos usos que os índios fazem do território. Considerando os termos do Decreto, foi proposta a elaboração de um documento pelos órgãos e comunidades envolvidos, destinado a subsidiar os ministérios da Justiça e do Meio-Ambiente na elaboração do Plano de Administração Conjunta da área sobreposta, que deve ser encaminhado para homologação pelo Presidente da República. Para isso, há necessidade de realizar reuniões nas aldeias Boto Velho, Txuodé e Waotynã, para que seja garantida a participação das comunidades indígenas. (mais…)

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Revolução Azul, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Terra

[EcoDebate] A revolução verde, liderada por Norman Borlaug, teve seus méritos, possibilitando alimentar bilhões de pessoas, mas foi incapaz de garantir a segurança alimentar para uma população mundial em constante crescimento. Além disto, a redução da biodiversidade, as monoculturas, a pecuária extensiva e o uso em grande escala de fertilizantes, agrotóxicos e insumos de alto custo colocaram em xeque o impacto social e a sustentabilidade da revolução verde, além do alto uso e desperdício da água doce.

A crise alimentar e a fome atingem, atualmente, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo. O equilíbrio ambiental já está difícil de ser mantido, em 2010, com os atuais 6,8 bilhões de habitantes e uma renda per capita média de US$ 9 mil per capita. Na metade do século XXI, o Planeta deverá atingir 9 bilhões de pessoas, com um PIB médio per capita de pelo menos US$ 27 mil. Como existe uma distribuição desigual da renda, o consumo conspícuo deverá crescer nos segmentos mais privilegiados da população, enquanto a fome deverá aumentar naqueles países que não conseguem acompanhar o ritmo de crescimento da economia e evitar a degradação ambiental.

Se o equilíbrio ambiental já está difícil de ser mantido atualmente, ficará pior com o impacto das atividades antropogênicas que poderá ser 4 vezes maior, até 2050. Os conflitos do uso dos recursos escassos e dos solos agricultáveis vai aumentar. Assim, cresce a importância da água e dos bioprodutos que crescem na água. O Planeta Terra tem 70% da sua superfície coberta pela água. Mas a água doce representa apenas 2,5% do total. A escassez de água potável é uma realidade para muitos países e para diversos segmentos populacionais, como no sertão nordestino do Brasil. (mais…)

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