Adital – Desde a última segunda-feira (12), cerca de 20 Presos Políticos Mapuche de Temuco, no Chile, iniciaram uma greve de fome, por tempo indeterminado. O objetivo da ação é denunciar os abusos e as irregularidades da justiça chilena em relação aos conflitos territoriais Mapuche, caracterizados por anos de violação dos direitos deste povo.
De acordo com a Organização Mapuche, no total, 56 pessoas, a maioria homens, estão detidas em doze presídios do país. Alguns estão presos desde 2003 e, só neste ano, já foram oito detenções. O movimento ressalta que existem ainda muitos outros condenados com medidas cautelares, além dos que foram processados. Os Presos Políticos são aqueles que foram privados de sua liberdade, pela participação em mobilizações e atividades com o fim de exigir seus direitos territoriais e políticos.
Em comunicado público da Organização Mapuche, os grevistas fazem várias exigências, entre as quais a não aplicação da Lei 18.314, conhecida como Lei Antiterrorista (promulgada durante a ditadura de Pinochet), nas causas do conflito Mapuche, a liberdade de todos os presos políticos Mapuche e o fim ao duplo processamento civil-militar.
Eles pedem ainda a desmilitarização das comunidades em Conflito Territorial Mapuche e denunciam autoridades judiciais que cometem arbitrariedades diante das causas do Conflito Mapuche. As consequências da política de repressão do Governo Chileno vão além das detenções, já que diversos lutadores sociais Mapuche foram assassinados.
“Convidamos a todas as nossas comunidades Mapuche, organizações conscientes, estudantes, trabalhadores e todos aqueles que lutam pela liberdade e dignidade, a somar-se a nossa justa causa”, assinam da prisão de Temuco, os presos políticos Mapuche.
Histórico de lutas e perseguição
Um histórico que se aproxima a 15 anos de conflitos marca a luta dos Mapuche contra indústrias e governo, pela garantia dos seus direitos territoriais e humanos. A situação se agravou a partir de 1997, quando as comunidades desenvolveram fortes mobilizações para exigir direitos históricos sobre as terras usurpadas. A resposta do governo chileno a estas manifestações se deu através de uma política de repressão sistemática e de corte de recursos assistencialistas.
Desde o início dos anos 2000, a Lei Antiterrorista começou a ser aplicada com o objetivo de justificar a repressão física e judicial, marcar as comunidades em conflito como uma minoria, criminalizando a mobilização social Mapuche, a favor de um suposto Estado de Direito.
Apesar da tentativa de resistência e dos protestos, as comunidades hoje se encontram cercadas por extensas plantações artificiais, como pinheiros e eucaliptos, de propriedade de grandes consórcios econômicos. O negócio florestal, que não dá o menor sinal de parar suas atividades, afeta de forma direta as comunidades Mapuche.
* Jornalista da Adital
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