Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil
A comunidade remanescente do quilombo da Ilha da Marambaia, no Rio de Janeiro, ganhou vida nova. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, entregou na manhã de ontem (08), títulos de propriedade de terra a 100 famílias quilombolas e caiçaras da região. Elas descendem dos antigos quilombolas que ocupam a ilha há mais de 150 anos, informou à Agência Brasil o presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia (Arquimar), Nilton Carlos Alves. Ao todo, foram titulados 530 hectares, o que significa uma média de 5,3 hectares por família.
“Foi muito tempo de espera e de luta para a comunidade. A titulação vai resolver a questão da construção das casas da comunidade e buscar políticas públicas para educação, transporte, saúde. Ter uma vida mais digna. Agora, passamos a ser reconhecidos como proprietários do nosso território”, disse Nilton Alves.
O processo de titulação começou em 2002, sob a coordenação da Marinha do Brasil, e, para o ministro Patrus Ananias, é um momento histórico. “Eu fico muito feliz com o encontro dos interesses do país presentes nesta belíssima Marambaia: a defesa nacional, com a presença da Marinha do Brasil, e a preservação ambiental, daqueles que estão comprometidos com ela”, disse. Segundo ele, o exemplo da Marambaia pode se transformar em referência para que o Brasil supere todos os conflitos.
O presidente da Associação dos Pescadores e Maricultores da Ilha da Marambaia de Mangaratiba, Robson da Silva Mattos, disse que há 13 anos a comunidade brigava pela titulação. “Agora, vai dar um novo futuro para a gente, um novo horizonte. A comunidade não era reconhecida, porque a Ilha da Marambaia era considerada propriedade da Marinha. Era vergonhoso morar em um local que não era reconhecido”. Com a titulação, segundo ele, todos vão poder ver que existe uma população nativa que nasceu e cresceu na ilha, desde os tempos dos seus antepassados.
O almirante de esquadra Fernando Antonio de Siqueira Ribeiro ressaltou a integração existente entre os remanescentes quilombolas e a Marinha do Brasil e que a titulação não “fere, de nenhuma forma, a Área de Proteção Ambiental (APA) da Ilha da Marambaia”.
Edição: Aécio Amado.
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IMAGEM: Diogo B. Provete/Flickr/CC