Urgente! Agressão e violência aos Ka’apor no Maranhão continua! Carta Aberta às autoridades

Protesto Ka'apor, em julho de 2014. Foto: G1 MA
Protesto Ka’apor, em julho de 2014. Foto: G1 MA

 

Ao Conselho Estadual de Direitos Humanos, Ministério Público Federal e demais autoridades

A situação de violência e agressão ao território indígena Alto Turiaçu e ao Povo Ka’apor chegou aos limites.

Estou na coordenação técnica de um projeto de Etnomapeamento da TI Alto Turiaçu.  Acompanho juntamente com um coordenador técnico indígena e dois coordenadores técnicos de campo o trabalho de campo para a 2ª Oficina de Cartografia Indígena que está por acontecer.

Cerca de 40 pesquisadores indígenas estão em campo com recursos do projeto e um grupo de 50 indígenas permanecem vigilantes realizando autofiscalização e autovigilância com recursos próprios sem que a Funai sequer repasse a três meses de forma transparente os recursos descentralizados de Brasilia para a CR Maranhão e, esta repasse em apoio às ações realizadas por indígenas.

Chegamos ontem à noite da região por ocasião do trabalho de etnomapeamento juntamente com um grupo de lideranças ka’apor na cidade de Zé Doca para continuar as denúncias. O clima não mudou na região. O órgãos com poder de policia e a funai continuam ausente sem fazer nada. Segue um breve histórico do que aconteceu até neste exato momento:

29.11 – indígenas da aldeia Zé Gurupi, Município de Zé Doca, recebem informações que o Sr. Francisco, secretário municipal de saúde de Araguanã esteve na aldeia solicitando que indígenas negociem madeira com ele; caso não aceitem vai determinar o cancelamento de beneficio de Bolsa Família e recusar o cadastro de famílias que procurem a secretaria de assistência no município. Duas semana atrás o Prefeito Valmir Amorin esteve em reunião de lideranças indígenas, sem ser convidado, solicitando que indígenas liberem a equipe da prefeitura para retirar madeira da reserva para colocar pontes no município.
Porém, indígenas recusaram dizendo que nunca fez as estradas das duas aldeias que estão dento do município para facilitar a retirada de pacientes e pessoas em situação de urgência.

1.12 – Itiroxin Ka’apor estava caçando no ramal da quadra 45, dentro do território indígena, município de Centro do Guilherme. Foi abordado dentro da terra indígena por um grupo de homens que correu atrás atirando. Teve que se refugiar em área alagada com medo de ser morto.

4.12 – Um grupo de madeireiros invadem e queimam um pequeno centro de produção do indígena Hoy Ka’apor com roça e criação as margens do ramal da quadra 45 aberto por madeireiros.

5.12 – às 10:00 no Posto de Gasolina Pai e Filho, na cidade de Centro do Guilherme, o Sr. Heroxin foi agredido pelo Sr. Marconi, madeireiro encontrado dentro da terra indígena, expulso pelos Ka’apor a uma semana atrás. O Sr. Heroxin estava na companhia de sua esposa Ahui Ka’apor, senhora idosa que teve que correr na ocasião para não ser agredida juntamente com o marido.

6.12 – indígenas das aldeias Capitão Mirá e Piquizeiro vão até o Polo Base de Saúde Indígena em Zé Doca informar da presença de caminhões madeireiros na Quadra B1, B2, B3, B4 e Ramal Tancredo no município de Nova Olinda do Maranhão. Todos os caminhões retiram madeira e estacas para serrarias e panificadoras do município de Nova Olinda do Maranhão e Araguanã.

8.12 – 3 homens armados de motocicletas com calibre 12 abordaram uma família indígena que se encontrava as margens do Rio Gurupiúna dentro do território indígena. A família teve que atravessar às pressas o rio e se refugiar na mata.

9.12 – indígenas ka’apor vão fazer vigilância no limite com a quadra 45 e encontram muitos caminhões madeireiros retirando madeira ilegalmente na terra indígena.

10.12 – Ka’a ri, aposentada, e seu esposo Mené Ka’apor foram abordados por Daniel,  “Dilson cú duro” no Posto de Gasolina da entrada do município de Governador Nunes Freire. Estavam retornando do Banco após terem ido receber a aposentadoria. Na ocasião o madeireiros insultou, ameaçou de matar caso não falasse quem estaria realizando fiscalização dentro da área com o fechamento dos ramais. A senhora idosa chegou preocupada na aldeia se deslocando para dentro da mata com medo de que viessem invadir aldeias como estão prometendo na cidade. Este madeireiro foi abordado e expulso de dentro do território por indígenas no dia 29.11.2014.

12.12- um grupo de indígenas da aldeia Zé Gurupi, município de Zé Doca, chegaram hoje na cidade informando que madeireiros que estavam no Centro do Guilherme que foram expulsos da quadra 45 por indígenas estão entrando  no território indígena pela Quadra Betel, município de Araguanã; Povoado Quinto Braço, município de Zé Doca; Povoado Rio do Sangue, município de Zé Doca. Que encontraram um servidor da funai, o Sr. Edézio, da Frente Etnoambiental, que está juntamente com uma equipe do ibama na fiscalização da Terra Indigena Awá negociando a entrada de madeireiros nas duas terras indígenas em uma casa no Povoado de Nova Conquista, próximo ao Povoado Vitória onde aconteceu a desintrusão.

Este servidor foi denunciado no ano de 2013 pelos Ka’apor por negociar venda ilegal de madeira no município de Centro do Guilherme. Não foi punido e continua atuando de forma mais escusa e corrupta em beneficio próprio sem que ninguém tome providencias.

Esperamos providencias urgentes e enérgicas.

A situação está insustentável na região.

Indígenas sendo agredidos de diferentes formas e ameaçados de serem mortos. Várias entradas de acesso às aldeias estão sendo bloqueadas por pessoas ligadas ou que trabalham com madeireiros, em conivência de vereadores e prefeitos da região.

José Andrade.
Fone: 098-87236653 // 098-91864710

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