Juiz concede liberdade a [três dos cinco] índios acusados flechar policial militar em maniestação no Congresso

Foto da PM, postada no facebook por Marcelo Zelic. Como se pode ver, o posicionamento da 'arma', o ângulo impossível da flechada e as lesões infringidas à bota comprovam fartamente a tentativa de homicídio que levou à detenção em flagrante de cinco indígenas horas mais tarde
Foto da PM, postada no facebook por Marcelo Zelic. Como se pode ver, o posicionamento da ‘arma’, o ângulo impossível da flechada e as lesões infringidas à bota comprovam fartamente a tentativa de homicídio que levou à detenção em flagrante de cinco indígenas horas mais tarde

Tribunal de Justiça do DF

O juiz do Tribunal do Júri de Brasília concedeu liberdade provisória para os índios Alessandro Miranda Marques, Cleriston Teles Sousa e Itucuri Santos Santana, acusados de tentar assassinar o policial militar Edson Gondim Silvestre durante manifestação no Congresso Nacional. O policial foi alvejado por uma flecha durante o movimento indígena contra a aprovação da PEC 215, que atribui ao parlamento competência exclusiva para aprovar demarcações de terras indígenas e para homologar as já existentes.

Na ocasião, os aborígenes foram presos em flagrante e autuados por tentativa de homicídio. Eles negaram os fatos e informaram que apenas se defenderam do ataque dos policiais. A FUNAI, autora do pedido de relaxamento da prisão, se comprometeu a apresentá-los em juízo toda vez que eles forem intimados pela Justiça.

Ao decidir  pela concessão da liberdade, o juiz fundamentou:

“Verifico que as prisões não podem ser mantidas. É preciso registrar que os fatos se deram no contexto do legítimo exercício do direito de manifestação, da liberdade de expressar, do direito de participação na esfera pública, de integrar o processo deliberativo político, pilares centrais de sustentação de um Estado Democrático de Direito. O evento se deu em um contexto sensível, envolvendo um complexo debate político de uma polêmica questão indígena, em que os sujeitos afetados procuraram exercer o direito de defesa dos seus interesses através da manifestação, do movimento de protesto, de contestação contra uma sociedade que na sua visão, por meio dos seus representantes, se pôs contra eles. Ocorre que a eventualidade registrada nestes autos como fato imputado aos flagrados, em que pese ter havido notícia de que um policial teria sido vítima de uma tentativa de homicídio, não é o suficiente para manter encarcerados preventivamente os autuados. A uma porque a vítima não foi lesionada com gravidade. O registro é de que a flecha teria alvejado o seu coturno. A duas porque verifico ausentes quaisquer danos para a ordem pública e a eventual instrução criminal também não sofrerá prejuízos tendo em vista o compromisso da FUNAI”.

Processo:  2014.01.1.198423-7

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Henyo Barretto.

Veja a decisão na íntegra:

decisão 1

decisão 2

 

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Comissão Camponesa da Verdade divulga relatório final

A Comissão Camponesa da Verdade (CCV), composta por movimentos sociais, pesquisadores e personalidades ligadas à questão do campo, construiu um relatório visando subsidiar e complementar o trabalho realizado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Documento reúne casos de violações de direitos humanos no campo entre 1946 a 1988.

Contag, na CPT

O relatório elaborado pela CCV traz um referencial teórico e metodológico, um resgate histórico da organização camponesa e dos conflitos ocorridos no campo, bem como a identificação de casos emblemáticos de assassinatos, torturas e demais violações de direitos contra trabalhadores(as) rurais. A CCV classificou como “Casos Emblemáticos” aqueles que reúnem características representativas do conjunto de violações ocorridas no campo, como tortura, perseguição, prisão e intervenção em entidades sindicais, como o que ocorreu com a CONTAG, em 1964, no seu primeiro ano de atuação e em várias federações e sindicatos.

O relatório foi protocolado junto à CNV e foram listados 1.196 camponeses(as) mortos e desaparecidos. No entanto, apesar de toda essa pesquisa, o relatório publicado pela CNV reconheceu oficialmente apenas 432 vítimas, que em sua quase totalidade refere-se a nomes e casos já conhecidos. Estes dados estão sendo questionados pelos membros da CCV que, mesmo antes da publicação já haviam publicado uma nota cobrando o reconhecimento oficial de todos os camponeses(as) mortos(as) e desaparecidos(as), medida que não apenas assegura a recomposição da memória e verdade, mas amplia a capacidade de acesso dos mesmos à justiça de transição.

O secretário de Política Agrária da CONTAG, Zenildo Xavier, ressalta que, infelizmente, a perseguição e crimes contra a população do campo ainda persiste. “As violações aos direitos no campo continuam. Vários trabalhadores(as) rurais, lideranças de assentamentos e acampamentos, dirigentes sindicais e outras pessoas que enfrentam os latifundiários foram assassinados e ameaçados nos últimos anos, e temos consciência que estas violências decorrem do modelo de desenvolvimento incentivado e patrocinado pela ditadura militar. Vamos continuar nossa luta pela reforma agrária e exigir do Estado brasileiro as medidas de justiça e reparação para todos que foram vítimas da barbárie produzida ou apoiada pela ditadura civil-militar”.

A CCV destaca a importância do trabalho realizado até aqui, que conseguiu reunir e articular um número significativo de casos de violações. No entanto, avalia que o tempo e as condições para realizar esta atividade foram insuficientes para dar conta da amplitude e complexidade dos fatos, fazendo com que muitos casos ainda permaneçam na invisibilidade. Por isso, permanece o desafio de continuar com o trabalho de resgate da memória no campo, não apenas para relatar os fatos do passado, mas para orientar as ações do presente e assegurar que isto não mais aconteça.

A CCV foi criada em 2012 como um dos resultados do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas. Entidades que a compõem: CONTAG, CPT, FETRAF, MMC, MST, DHESCA, RENAP, Terra de Direitos, Universidades e personalidades.

Clique AQUI para baixar o relatório da Comissão Camponesa da Verdade na íntegra.

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Funai e Cimi pedem soltura dos cinco indígenas detidos após protesto

índios sentados na frente dos policiaisHelena Martins – Repórter da Agência Brasil

A Procuradoria Federal Especializada junto à Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) entraram com pedido de relaxamento da prisão em flagrante dos cinco indígenas que estão encarcerados no Departamento de Polícia Especializada (DPE), em Brasília.

O documento foi protocolado ontem, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Além do relaxamento, a ação pede que a custódia dos índios fique a cargo da Funai, conforme determina o Estatudo do Índio. “O fato é que não há motivo nenhum para considerar a prisão, que é uma medida extrema, já que o que prevalece na Constituição é a liberdade para todos os brasileiros, inclusive para os índios. Além disso, eles não tentaram fugir, estão à disposição para quaisquer esclarecimentos”, argumenta o advogado do Cimi, Adelar Cupsinski.

Os índios estão presos desde a última terça (16). Seis deles foram detidos após protesto no Congresso Nacional. Quatro foram presos à tarde, nas proximidades do Ministério da Justiça, e dois quando um ônibus com integrantes do grupo que participou de ato no Congresso Nacional foi interceptado pela Polícia Militar (PM). À noite, um índio guarani foi solto após prestar depoimento. (mais…)

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Munduruku decidem como deverão ser consultados sobre hidrelétricas e outras obras

Cerca de 600 indígenas Munduruku compareceram à assembleia (MPF)
Cerca de 600 indígenas Munduruku compareceram à assembleia (MPF)

Protocolo registra como terá que ser feita a consulta prévia, livre e informada que o governo brasileiro está obrigado a fazer devido à legislação e a decisão judicial

MPF/PA

Os indígenas Munduruku concluíram o documento que estabelece como o governo brasileiro deverá consultá-los sobre o projeto da usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no oeste do Pará, e sobre qualquer tipo de obra que impacte suas vidas e seus territórios. Entre várias determinações, o Protocolo de Consulta define que os Munduruku não aceitarão a presença de homens armados durante a consulta e não aceitarão ser removidos de seus territórios.

A consulta prévia, livre e informada está prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), assinada pelo Brasil. No caso da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, projetada para o oeste do Pará, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) também obriga o governo brasileiro a consultar os indígenas.

O Protocolo de Consulta foi aprovado em assembleia extraordinária do povo Munduruku realizada neste último final de semana, 13 e 14 de dezembro, na aldeia Sai Cinza, na Terra Indígena de mesmo nome, em Jacareacanga, oeste do Pará. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), participaram do evento cerca de 600 indígenas representantes de todas as aldeias da região. Uma das lideranças indígenas que coordenou o encontro, Ademir Kaba Munduruku, informou que, desse total de participantes, 102 são caciques Munduruku. (mais…)

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Pressionada por fazendeiros, prefeitura de São Francisco do Conde/BA ataca de forma ilegal comunidade tradicional

 

Por assessoria de comunicação do CPP Nacional

A comunidade pesqueira e quilombola Porto de D. João, localizada no município de São Francisco do Conde/BA, desde 2009 sofre violência e criminalização por parte da prefeitura local, que é aliada aos interesses dos grandes fazendeiros da região.  Em novembro, o poder público municipal entrou com uma ação junto a justiça federal no intuito de anular a certificação quilombola da comunidade e paralisar o processo de regularização fundiária do INCRA, ação que viola o direito de auto-reconhecimento da comunidade garantido pela Convenção 169 da OIT. Diante dessa situação e do processo que quer exterminar seu povo, a comunidade se manifesta junto com o Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP) em repúdio a esse claro ato de racismo ambiental e em defesa de seu território tradicional.

Para conhecer mais sobre a situação da comunidade, assista ao vídeo acima produzido pelo grupo de pesquisa Geografar (POSGEO/UFBA/CNPq). Confira o manifesto abaixo: (mais…)

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Carta dos Movimentos Sociais de Povos e Comunidades Tradicionais do Campo da Esquerda Brasileira à direção do PT

brasil-em-raçasCarta à Direção Nacional do Partidos dos Trabalhadores  PT

Dos Movimentos Sociais de Povos e Comunidades Tradicionais do Campo da Esquerda Brasileira e base social do Partido dos Trabalhadores*

A presente carta apresenta a esperança dos movimentos sociais representantes de povos e comunidades tradicionais, de termos no próximo mandato petista um governo de esquerda, que apoie as lutas de todos os povos e comunidades tradicionais, base social deste partido e deste governo que entendemos como NOSSO GOVERNO!!!!

Nossas lutas se traduzem nas pautas históricas do campo brasileiro, das populações excluídas historicamente no Brasil, contra  a grilagem dos nossos territórios, exploração do trabalho que muitas vezes chega a ser análogo à escravidão, apropriação dos meios de produção e violência de toda natureza.

Um governo petista deve ter coerência no tocante à sustentabilidade social, ambiental, cultural e econômica. Queremos caminhar juntos nessa luta com nossas lideranças petistas, mas através dessa carta viemos pontuar  que não visualizamos mais as nossas lutas no PT. A vida não está fácil dentro do partido, as pautas sócio ambientais e das populações tradicionais de forma geral mas principalmente no tocante ao acesso aos nossos territórios tem encontrado grande dificuldade no partido e no governo petista. Mas é necessário que fique pontuado, quem constrói o governo somos nós,  esse é o nosso Governo!!!!

Essa carta é um apelo ao PT para que retome suas pautas históricas em defesa dos oprimidos pelas oligarquias desde sempre dominantes dos meios de produção no Brasil. E a Presidenta agora neste segundo mandato depois deste processo eleitoral dificultoso, precisa entender melhor e representar as causas da base social do partido, afinal fomos nós que a elegemos!! (mais…)

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Tupinambá – O Retorno da Terra

 

Um projeto de Cinema e Vídeo 

por Daniela Fernandes Alarcon, Catarse

Propomos a realização de um documentário de curta-metragem sobre a luta do povo indígena Tupinambá, que habita o sul da Bahia (Brasil), para a recuperação do território que tradicionalmente ocupa. Os indígenas aguardam há dez anos a conclusão do processo de demarcação de sua terra e vêm tendo seus direitos sistematicamente violados, tanto pelo Estado brasileiro, como por indivíduos e grupos contrários à regularização de seu território.

Só o cacique Babau (Rosivaldo Ferreira da Silva), da aldeia Serra do Padeiro, já foi encarcerado três vezes, no marco de um agudo processo de criminalização de lideranças; desde 2010, ele é assistido por um programa de proteção de defensores de direitos humanos, em razão de ameaças de morte. (mais…)

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Peru: Impacto da degradação ambiental na saúde é até 300% maior sobre os pobres

Danos aos pobres também incidem na renda das famílias. Foto: Reprodução.
Danos aos pobres também incidem na renda das famílias. Foto: Reprodução.

Marcela Belchior – Adital

O efeito da contaminação atmosférica sobre a saúde dos peruanos e peruanas é de 75% a 300% entre os pobres do que entre os não pobres. A informação faz parte do relatório “Mudança climática e indústrias extrativas no Peru” (“Cambio climático e industrias extractivas en el Perú”), publicado pela organização não governamental CooperAcción, que atua na ação solidária para o desenvolvimento, e lançado no último mês de outubro, sob a elaboração do economista Roberto Machado.

Segundo o documento, além de seus efeitos sobre os ecossistemas e a qualidade de vida em geral, a degradação ambiental teria um impacto regressivo sobre a distribuição de renda e da riqueza, afetando mais os pobres do que os ricos. “Por exemplo, o impacto da contaminação atmosférica urbana sobre a renda — através da deterioração da saúde dos trabalhadores — é muito mais agudo nos pobres do que nos que não o são”, pontua o relatório. (mais…)

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Desapropriados pela transposição têm adaptação difícil à vida na cidade

Casas na rota do São Francisco foram desapropriadas para construção de barragem em São José de Piranhas (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Casas na rota do São Francisco foram desapropriadas para construção de barragem em São José de Piranhas (Foto: Katherine Coutinho / G1)

Idosos sentem falta da rotina na zona rural em São José de Piranhas (PB). Jovens aprovam acesso à internet, mas sentem falta de área para brincar.

Katherine Coutinho – Do G1 PE

A construção de canais e reservatórios para a transposição desapropriou terrenos e casas de famílias que antes viviam na rota do Rio São Francisco. Ao longo de toda a obra, 2.700 famílias tiveram que deixar suas casas, de acordo com o Ministério da Integração. Somente em São José de Piranhas (PB), foram retiradas 212, conforme o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, que auxiliou os agricultores no processo. Todos se adaptam a uma nova realidade enquanto aguardam a construção de novas casas nas Vilas Produtivas Rurais (VPRs).

Localizada no Alto Sertão da Paraíba, São José de Piranhas tem uma população de pouco mais de 19 mil habitantes, segundo o Censo de 2010.  O plano inicial era que as vilas estivessem prontas assim que as famílias deixassem suas casas, mas com o atraso na obra, elas estão recebendo auxílio de R$ 1.250 para cobrir despesas com aluguéis. “As casas foram desapropriadas por causa da Barragem da Boa Vista. A gente tem feito capacitações para eles aprenderem a viver mais próximos [da zona urbana]. Umas 90 famílias alugaram casas na zona urbana, outras preferiram ir para sítios”, explica a tesoureira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Gerlândia Moraes. (mais…)

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Funai continua negando o reconhecimento étnico do povo Guarasugwe

Sede da Fazenda de Roberto Caldas – antigo território Guarasugwe, local da antiga maloca – Cimi/RO
Sede da Fazenda de Roberto Caldas – antigo território Guarasugwe, local da antiga maloca – Cimi/RO

Laura Vicuña –Cimi Regional Rondônia

Passa mais um ano e a Funai continua negando o direito que o povo  Guarasugwe tem de ser reconhecido etnicamente pelo Estado brasileiro. A morosidade em fazer a documentação das pessoas ocasiona série de problemas para este povo, que não possuem acesso à saúde e educação. A falta de documentação inviabiliza que crianças possam estudar e idosos sejam atendidos.

A história vivida por este povo continua presente na memória dos mesmos e dos antigos moradores de Pimenteiras, onde afirmam que Riozinho antigamente era o território dos indígenas, que compreendia o rio Riozinho e o rio Santa Cruz. No final da década de 60 e ainda na década de 70, com a desapropriação dos seringais, os Guarasugwe são obrigados a deixar Riozinho, que passa a ser propriedade de fazendeiros e nos dias atuais, terra do agronegócio.

Na década 70, com o avanço das frentes de colonização em curso, em pleno governo militar, com a extensão da pecuária e a grilagem da terra, os Guarasugwe foram expulsos de Riozinho, ficando assim sem o seu território tradicional. Após a morte da grande liderança do povo, Capitão Miguel, seus filhos se dispersam e passaram a viver em Pimenteiras, no Brasil e Bella Vista, na Bolívia, no espaço geográfico onde se encontra o território tradicional do povo Guarasugwe. (mais…)

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