Conselho do Povo Terena
Hánaiti Ho’únevo Têrenoe
Grande Assembleia do Povo Terena
Mais uma vez as lideranças Terena vêm a público denunciar o agrobanditismo que impera em Mato Grosso do Sul com a conveniência das autoridades públicas estadual e federal.
Nós lideranças Terena estamos de luto juntamente com o povo Kaiowá e Guarani. A Terra Indígena Ñande Rú Marangatú é território sagrado que há muito tempo vem sendo palco de matança de lideranças indígenas – MARÇAL DE SOUZA TUPÃ’I em 25 de novembro de 1983; DORVALINO ROCHA em 24 de dezembro de 2005 e SIMIÃO VILHALVA em 29 de agosto de 2015.
Ñande Rú Marangatú é território tradicional demarcado e homologado e o povo Kaiowá não está na posse de sua terra por conta de sistemáticos recursos interpostos nas instâncias judiciais pelos ruralistas que estão acostumados com a impunidade. Em 2005 o Supremo Tribunal Federal liminarmente suspendeu os efeitos do decreto de homologação, e há 10 anos esta decisão liminar “paira”, sendo que o ministro Gilmar Mendes propositadamente não coloca o processo para julgamento.
Nós lideranças Terena reafirmamos que não iremos recuar e continuaremos lutando até o último hectare de território tradicional que nos pertece. Este Estado bandido nega aos povos indígenas o nosso bem maior – nossa TERRA MÃE – e tenta vender ao mundo a falsa realidade de que estamos bem, promovendo jogos indígenas enquanto nossas crianças passam fome e nossos líderes são mortos.
Repudiamos e denunciamos os parlamentares senador Waldemir Moka (PMDB), deputado Federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) e deputada federal Teresa Cristina (PSB), que ao invés de pautarem-se pelo princípio da imparcialdade e legalidade, planejaram e executaram o ataque a comunidade indígena resultando na morte de uma liderança e várias mulheres e crianças feridas.
Exigimos do Ministério da Justiça, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal rigor na apuração dos fatos e total empenho para que a investigação não fique a cargo do “poder político local” submetido aos ruralistas.
Repudiamos essa “burguesia colonizada” de Mato Grosso do Sul que juntamente com os ruralistas noticiam de forma comemorativa a morte de nossa liderança. Que se esquecem que antes de ganharmos o rótulo de “índios” e “não índios” somos seres humanos filho de Itukó’oviti.
Por fim, reafirmamos que Ñande Rú Marangatú é questão de honra para os povos indígenas de Mato Grosso do Sul e por isso não iremos recuar!
Conclamamos todos os guerreiros Terenas a se juntarem aos Guarani e Kaiowá para concluir a autodemarcação desse Tekohá!
E decidimos: Se o governo federal não punir os executantes e mandantes desse homicídio, nós TERENA, vamos dar uma resposta a altura para os ruralistas e iniciar imediatamente a autodemarcação de TODO NOSSO TERRITÓRIO!!!
Povo Terena,
Povo que se levanta!
Terra Indígena Buriti
Terra Indígena Cachoeirinha
Terra Indígena Taunay-Ipegue
Terra Indígena Nioaque
Terra Indígena Lalima
Terra Indígena Pilad Rebuá
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Luiz Henrique Eloy.
Destaque: Foto de Ruy Sposati, aqui usada de forma meramente ilustrativa.