Assistencialismo prejudica o etnodesenvolvimento dos povos indígenas

Por Redação Yandê

O etnodesenvolvimento promove o respeito a autonomia e autodeterminação dos Povos Indígenas, embora existam particularidades históricas e sociais em diferentes países do mundo, é inegável a importância de iniciativas autônomas das próprias comunidades e da população indígena.

A expressão “carregar ou colocar o indígena embaixo do braço” é usada por indígenas sobre como alguns indivíduos da sociedade envolvente se comportam em relação a presença indígena. Seja em fotos, projetos ou na vida cotidiana, alguns indigenistas ainda reproduzem o olhar da antiga tutela, de forma inconsciente ou não. O que dificulta em serem protagonistas de seus próprios projetos e traçarem seus caminhos de acordo com suas crenças ou visões de mundo.

Afinal, quais seriam os limites das atitudes assistencialistas em relação aos povos indígenas?

O diálogo intercultural e troca de saberes é fundamental entre as diferentes sociedades, que quando estabelecem uma relação de troca saudável e respeitável, podem trazer grandes avanços ou desenvolvimento para os povos originários e a sociedade não indígena. Oficinas de capacitação, curso superior e cursos que ajudam indígenas a realizar de forma autônoma seus trabalhos são alguns dos pontos positivos para o etnodesenvolvimento.

Quatro indícios de que a autonomia indígena não está sendo respeitada em um projeto :

1 – Na hora de desenvolver quem conduz ou guia é sempre um não indígena.

2 – Indígenas são apenas escutados ou sua participação sempre é referente a informações culturais e dados que podem ceder sobre seus povos ou comunidades. Não sobre o que precisam ou gostariam.

3 – O indígena é visto como um objeto de estudo e não o agente.

4 – Os não indígenas são vistos como os protagonistas e responsáveis por levar para a comunidade o projeto.

Quatro indícios de que a autonomia indígena é respeitada em um projeto:

1 – O desenvolvimento é coletivo e quem o conduz é a comunidade indígena perante suas necessidades e desejos.

2 – Indígenas participam de forma ativa durante todas as etapas do projeto.

3 – O indígena é visto como o agente central junto dos não indígenas.

4 – Os não indígenas são vistos como apoiadores que ajudaram no projeto.

Paternalismo 

O Estado brasileiro por muitos anos disseminou uma postura paternalista e tutelar perante os povos indígenas. A colonização trouxe ideologias etnocêntricas responsáveis por olhares românticos e preconceituosos de não indígenas.

Indígenas isolados ainda são os que se encontram em situação de pouco ou nenhum contato.Diferentes da maior parte das populações indígenas que já estão em via de contato, são urbanas ou aldeadas. Cada demanda precisa de politicas publicas voltadas para suas realidades e contextos. A constituição de 1988 foi um divisor de águas na garantia dos direitos indígenas que não existiam anteriormente e no rompimento de grande parte da tutela estatal.

Os indígenas vistos quase que como órfãos em uma terra conquistada, saqueada e invadida, que no primeiro momento aos olhos dos europeus era o Novo Mundo. O olhar sobre os povos como objetos dessa nação que nascia naquele solo, permaneceu e foi reproduzido de diferentes formas em livros de história.

Um discurso nacionalista muito reproduzido em dizer que são “nossos índios”, e outras expressões com o uso do pronome, revelam um pouco dos discursos que foram reproduzidos ao longo dos séculos. Usados muitas vezes sem serem notados por aqueles que os usam. A importância da autonomia indígena é inquestionável, pois todos o povos do mundo precisam conduzir seus destinos como sujeitos capazes e de desenvolvimentos que tornem possível essa realidade.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Margaret Alves.

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