Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
Os três haitianos que ficaram com projéteis alojados no corpo após sofrerem ataques no início deste mês, em São Paulo, devem passar por mais uma avaliação médica hoje (10), no Hospital Tatuapé. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o grupo deverá ser encaminhados para uma cirurgia para remover a munição.
Quatro haitianos foram alvejados na noite de 1º de agosto, na Rua do Glicério, região central da capital paulista. Segundo os relatos das vítimas, registrados no boletim de ocorrência, os disparos foram feitos de dentro de um carro. Todos foram atingidos abaixo da cintura. As vítimas não estavam juntas, nem se conheciam antes do ataque. Contra eles foi usada uma arma de pressão, que dispara projéteis de chumbinho.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ao todo seis haitianos foram vítimas de ataques semelhantes. Em outro caso, há o registro de um haitiano de 40 anos, atingido na perna esquerda. “A polícia está colhendo o depoimento dessas vítimas e de testemunhas, e não irá revelar detalhes para não comprometer a investigação”, diz o comunicado divulgado pelo órgão.
Como há a suspeita de que os crimes foram motivados por discriminação, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos está acompanhando o caso por meio do Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes. Segundo a secretaria, os haitianos foram socorridos inicialmente na Assistência Médica Ambulatorial, na Sé. Em seguida, foram transferidos para a Santa Casa de Misericórdia, onde receberam alta.
Responsável pela Paróquia Nossa Senhora da Paz, que conta com um serviço de acolhimento de imigrantes no Glicério, o padre Paulo Parisi conversou com as quatro vítimas – três homens e uma mulher. Segundo ele, de início o grupo achou que estava sendo atingido por pedras, uma vez que a arma não fazia o barulho característico de armas de fogo.