Versões de familiares e da PC divergem. Polícia alega que investigador agiu em legítima defesa; irmã afirma que morte foi motivada por rixa
Carla Albuquerque – DEZ Minutos / D24
Manaus – O agricultor Demerson Oliveira Salgado, 19, indígena da tribo Apurinã, foi assassinado com três tiros, na última quarta-feira (5). Ele foi morto enquanto estava sentado na frente da casa de um amigo, no Careiro Castanho (a 102 quilômetros de Manaus). De acordo com a irmã dele, Franciele Salgado, 29, o suspeito pelo crime é um investigador da Polícia Civil, identificado por ela apenas como ‘Coutinho’.
Franciele informou que o policial já tinha uma rixa contra o irmão dela desde o ano passado. Ela disse que a confusão entre os dois começou depois que o investigador foi tentar intimar o rapaz para prestar depoimento sobre o furto de uma embarcação, no município.
Na tarde da última quarta-feira, segundo Franciele, Demerson estava sentado na frente da casa de um amigo, quando o policial passou e o viu. O rapaz tinha ido à cidade do Careiro Castanho para deixar açaí. “Ele (investigador) parou o carro, desceu e atirou três vezes no meu irmão. Em seguida, o colocou dentro do veículo e tentou socorrê-lo e levando-o para um hospital, mas ele não resistiu”, afirmou ela.
O concunhado de Demerson, um homem de 31 anos, que preferiu não ser identificado, disse que o rapaz não reagiu e nem fez qualquer insulto ao investigador. “A gente não sabe por que ele fez isso”, comentou.
Legítima defesa
Em nota, a assessoria de impressa da Polícia Civil confirmou o envolvimento do investigador na morte do indígena, mas divergiu da versão da irmã do jovem. “O investigador lotado na 34ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) agiu em legítima defesa contra Demerson Oliveira Salgado, 20, suposto indígena da etnia Apurinã. O jovem reagiu durante abordagem policial tentando esfaquear o investigador que foi obrigado a fazer dois disparos para se defender, o que resultou na morte de Demerson”, afirmou a PC.
Ainda conforme a nota, o caso foi registrado no 34º DIP e um inquérito policial (IP) já foi instaurado para apurar as circunstâncias da ocorrência. Foram ouvidas quatro testemunhas, entre elas, dois adolescentes que estavam com Demerson na hora do fato. A PC disse também que foram solicitadas do Instituto de Criminalística (IC) as perícias das armas, tanto do investigador como a faca que estava em posse do jovem, além da perícia do local do crime.
As investigações vão continuar e o caso já foi informado à Corregedoria do Sistema de Segurança Pública. O prazo para a conclusão do inquérito é de 30 dias. Após esse período, o IP será remetido à Justiça. O investigador também prestou depoimento. Segundo a PC, ele deverá manter a rotina de trabalho normalmente na delegacia.