A área de propriedade da companhia de Habitação de SP tem o dobro de extensão da Ocupação Pinheirinho. Advogada dos moradores teme pela segurança no local.
Por Simone Freire, no Brasil de Fato
Mais de 5 mil famílias, que ocupam uma área de 2,7 milhões de metros quadrados, podem ser obrigadas, por força policial, a deixar suas casas nesta segunda-feira (3). A Justiça autorizou a reintegração de posse do terreno, chamado de Fazenda Albor, que pertence à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). O terreno fica ao lado do trecho leste do Rodoanel Mário Covas (SP-21) e faz limite com os municípios de Itaquaquecetuba, Guarulhos e Arujá, na Grande São Paulo.
A reintegração de posse em uma área tão extensa preocupa os atuais moradores. O número de ocupantes e a extensão do local são mais que o dobro da conhecida Ocupação Pinheirinho (cerca de 1500 famílias e 1,3 milhão de metros quadrados), em São José dos Campos, que foi violentamente desocupada pela Polícia Militar em janeiro de 2012. O episódio ficou conhecido como “Massacre do Pinheirinho”.
“Tem idosos, crianças, cadeirante. Os ocupantes sabem da data para reintegração, mas não dá para prever a reação. Estão todos muito tristes”, informou a advogada dos moradores, Angela Quirino. Segundo ela, havia um processo de negociação com a CDHU que foi deixado de lado pela companhia assim que as comarcas dos três municípios aprovaram liminar de reintegração. “Eles começaram a fazer uma proposta, mas não quiseram mais negociar depois da decisão”, disse.
Em nota, a CDHU informou que tentou “por diversas vezes uma desocupação voluntária, em reunião com os invasores do terreno”. A companhia também informou que parte da área estava destinada à construção de moradias para famílias cadastradas em programas habitacionais do governo federal, como o Minha Casa, Minha Vida.
A advogada alega que a área estava abandonada. “O terreno já tinha sido desapropriado para projetos de construção habitacional que nunca foram cumpridos. É lamentável que uma área desta esteja desocupada”, disse.
Angela também rebateu a informação divulgada por alguns veículos de comunicação de que o terreno era destinado à preservação ambiental. Segundo ela, se o terreno pertence à CDHU e estava, como a própria companhia disse, destinado para construção de moradias, está provado que não seria uma área reservada.
Os moradores afirmam que não têm condições de pagar aluguel e tentam reverter a situação para impedir a desocupação do local. Nesta semana, ocorreram reuniões entre representantes da CDHU, da PM e dos moradores, mas as negociações não avançaram. A advogada informou que uma grande operação da polícia está sendo esperada para esta segunda-feira.
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Foto: Reprodução